São Paulo, quarta-feira, 27 de novembro de 1996 |
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Livro "Os 101 Dálmatas" exibe mundo pelos olhos dos cães
FERNANDA RAVAGNANI
A Disney teve faro. Cinco anos após o lançamento do livro na Inglaterra (1956), já produzia o cultuado desenho. O potencial da história era evidente: o que pode ser mais rico em imagens que 97 filhotinhos de dálmatas juntos? E uma vilã que tem metade do cabelo preto e metade branco (Cruela, interpretada no filme por Glenn Close)? O livro, que a Marco Zero lança no início de dezembro, tem tudo para agradar, principalmente às crianças. A autora inglesa Dodie Smith usa fina ironia para descrever o mundo humano pelos olhos de um cachorro. O casal de dálmatas possui um casal de donos de estimação e gosta de levá-los para passear. Pongo (o dálmata-pai) entende muito bem a linguagem do homem (ele havia devorado uma edição de Shakespeare). O maior mérito do livro -que não aparece no desenho- é a sua "caninidade". O leitor aprende que, para dar à luz, a cadela escolhe um local em que se sinta segura; que as pintas dos dálmatas só aparecem depois de duas semanas de vida; que não seria possível para uma cadela amamentar 15 filhotes sem ficar esgotada fisicamente. Nesse ponto que aparecem dois dálmatas ignorados pelo desenho: Perdita, a ama-de-leite dos filhotes, e seu "marido". Algumas cenas foram incompreensivelmente excluídas do desenho, como o jantar apimentado de Cruela. A destruição de suas tão amadas peles seria bem politicamente correta -se isso existisse em 1961. O cabelo da vilã passando a branco e verde e a transformação do cativeiro em nova morada dos 101 dálmatas (97 filhotes mais os dois casais) seriam imperdíveis. Livro: Os 101 Dálmatas Autor: Dodie Smith Tradução: Ligia Helena Vargas da Silva Preço: R$ 14 (141 págs.) Texto Anterior: UMA CARTA INÉDITA Próximo Texto: Livro recolhe estereótipos da época de Lupicínio Índice |
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