São Paulo, quinta-feira, 28 de novembro de 1996
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Prova de redação é democrática

PASQUALE CIPRO NETO

especial para a Folha A prova de redação da Unicamp é a mais inteligente do país. O candidato pode escolher entre dissertação e narração.
A escola seleciona o aluno que tem senso crítico. É fundamental saber o que acontece no planeta e conhecer as posições dos "notáveis" a respeito de certos temas.
Que tema você deve escolher? Exatamente aquele que você pode desenvolver melhor.
Haverá três temas. Um dissertativo, baseado em vários textos que a Unicamp oferece. O aluno deve lê-los e tomá-los como base da análise que fará e não copiá-los ou parafraseá-los. Os textos apresentados servem para que você tome pé do que se diz no mundo a respeito do assunto.
Não se esqueça de que está na moda ser "politicamente correto". Se o tema propuser a discussão da questão da qualidade de vida nas grandes cidades e apresentar a declaração do prefeito de São Paulo ("Congestionamento é sinal de progresso"), a única coisa que você tem a fazer é ridicularizar essa tese. Se você durante o ano leu os editoriais dos bons jornais, se acompanhou os debates do núcleo esclarecido da sociedade, pode ficar mais aliviado. Você não tremerá ao ver a proposta dissertativa.
A Unicamp costuma pedir ao candidato uma outra proposta dissertativa, em forma de carta. O aluno deve escrever a uma personalidade, posicionando-se a respeito de uma tese defendida publicamente por essa personalidade. Numa ocasião, o aluno tinha de escrever a Gilberto Braga, autor da novela "Vale Tudo", a respeito da "produção independente", postura adotada por uma personagem que só queria um homem para a relação sexual que originasse a gravidez.
Recentemente, Josias de Souza, da Folha, foi o "destinatário" das cartas dos candidatos, que se pronunciaram a respeito de drogas, a partir de um brilhante texto de Souza. Seu artigo sobre a decisão do presidente do Supremo a respeito da menina de doze anos que "sabia o que estava fazendo" ao manter relações sexuais com um pedreiro pode ser o mote deste ano. A "Carta à Xuxa", de Danuza Leão, em "O Estado de S. Paulo", também pode ser escolhida.
Há uma terceira proposta, narrativa. O aluno só deve escolhê-la se estiver habituado a esse tipo de texto. A narrativa não pode ser chocha. Deve ser consistente, criativa. Não é proibido ser engraçado, satírico. Lembre-se de que, no fundo, o texto narrativo deve conter um pronunciamento, uma visão de mundo implícita nas atitudes dos personagens, no modo como o narrador apresenta os fatos.
Não esqueça: a variante linguística adotada é a culta. Na narração, admitem-se algumas liberdades na fala e na descrição dos personagens.
Boa prova!

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