São Paulo, quinta-feira, 28 de novembro de 1996
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Canadá prepara ação unilateral no Zaire

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo do Canadá deu prazo até hoje para que os países que se comprometeram a colaborar com uma força internacional para o Zaire se manifestem claramente sobre a questão.
Os canadenses propuseram ontem a criação imediata de um quartel-general em Entebbe (Uganda), de onde partiriam aviões com ajuda humanitária para os refugiados.
Se não houver autorização dos governos do Zaire e de Ruanda ou condições de segurança para que a força atue em terra, o alimento será lançado pelo ar, de pára-quedas.
O despacho da missão tem sido dificultado pela oposição de Ruanda, que apóia os rebeldes tutsis. Já o Zaire vive um momento de instabilidade política, com a ausência de seu presidente e disputa internas pelo poder.
O anúncio canadense foi feito em Ottawa pelo ministro das Relações Exteriores, Lloyd Axworthy.
Ele criticou, sem mencionar nomes, a indecisão da comunidade internacional quanto ao envio da força. "Não há um acordo claro sobre medidas específicas. Muitos países ainda dizem que precisam de mais informações", afirmou.
O secretário de Defesa dos EUA, William Perry, disse ontem que o país não pensa em participar de uma operação militar no Zaire, mas vai cooperar com a distribuição de ajuda humanitária.
Os EUA, que chegaram a se comprometer com o envio de tropas, voltaram atrás depois da volta espontânea de cerca de 600 mil refugiados hutus a Ruanda.
Os EUA estimam que haja cerca de 200 mil hutus de Ruanda ainda no Zaire, número muito inferior à estimativa da ONU, de 700 mil.
A ONU informou ontem ter localizado mais um grupo, de 50 mil pessoas, a caminho de Ruanda.
O retorno dos refugiados foi desencadeado por uma ofensiva de rebeldes tutsis no leste do país. O ataque provocou a fuga de milicianos hutus que controlavam os campos da ONU.
Os hutus são responsabilizados pelo genocídio de cerca de 1 milhão de tutsis em 1994.
Desde o início do êxodo, em 15 de novembro, os hutus têm denunciado massacres supostamente cometidos pelos rebeldes tutsis.
Refugiados que chegaram ontem à fronteira disseram que milicianos hutus também estão organizando matanças para intimidar os que desejam retornar a Ruanda.

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