São Paulo, quinta-feira, 28 de novembro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
ROTOS E ESFARRAPADOS O Senado criou uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar irregularidades na aprovação de emissões de títulos públicos estaduais e municipais em 1995 e 1996 para pagamento de sentenças judiciais, os chamados precatórios. Mas, como é o próprio Senado que examina e decide sobre essa e outras formas de endividamento de Estados e municípios, a situação é no mínimo embaraçosa. Os senadores podem e devem investigar urgentemente qualquer suspeita de irregularidade na gestão das finanças públicas. Mas essa, afinal, sempre foi a sua atribuição. Como se vê, até mesmo quando se dispõem a apurar denúncias, muitos políticos fazem vista grossa às próprias incapacidades. Ao mesmo tempo, não há como ignorar que na aprovação-relâmpago dessa CPI estão em jogo as articulações em torno da emenda da reeleição. A convocação de governadores e ex-governadores, secretários e ex-secretários estaduais, entre outras autoridades, do Banco Central, da Fazenda etc. certamente criaria dificuldades e complicaria a estratégia do Palácio do Planalto, que é votar o quanto antes aquela emenda. Aliás, é significativo que a iniciativa da CPI tenha partido do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), conhecido por aliar-se ao grupo de José Sarney, um dos que aparentemente são contra a possibilidade de reeleição do presidente FHC. O mesmo Barbalho que, até a semana passada, quando ainda se colocava como candidato à presidência do Senado pelo PMDB, manifestou-se contrário à criação da CPI dos precatórios. A sociedade assiste ao espetáculo mais uma vez atônita com a criatividade dos políticos brasileiros. Irregularidades nas finanças estaduais e municipais são notórias. Lamentavelmente, nada garante que a nova CPI esteja comprometida com o saneamento da administração pública. Texto Anterior: PIZZA À PAULISTA Próximo Texto: A ESCASSEZ DO ESSENCIAL Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |