São Paulo, sexta-feira, 29 de novembro de 1996
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Legista propõe condenação coletiva de policiais militares

Jurados censuram governos do PA e RO por envio de tropas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O médico legista Nelson Massini defendeu ontem no tribunal internacional simbólico sobre os massacres de sem-terra em Eldorado do Carajás (PA) e Corumbiara (RO), a condenação coletiva dos policiais militares envolvidos.
Os massacres, ocorridos em abril deste ano e agosto de 1995, envolveram a morte de 29 sem-terra e dois PMs.
Autor de laudo sobre o massacre do Pará, Massini afirmou que será possível apenas individualizar a ação de "quatro a cinco PMs, e a sentença deverá sair depois do ano 2000, mesmo que esteja caracterizado o massacre". Para ele, a condenação coletiva é a única opção contra a impunidade dos PMs.
"Depois dos massacres, entra em jogo uma série de erros, porque os projéteis encontrados são poucos, as armas são trocadas e não se chega ao usuário de cada arma, permanecendo a impunidade", disse ele.
Os jurados internacionais convidados pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara condenaram o comportamento dos governos do Pará e de Rondônia por terem enviado a PM para resolver os conflitos.
Como jurados participaram o escritor português José Saramago, o rabino Henry Sobel, o pastor protestante Jaime Wright e o religioso André Jacques, do Conselho Mundial das Igrejas, entre outros. Convidado para defender os governos estaduais, o advogado Antonio Carlos Castro disse que o maior culpado pelos massacres é o governo federal, por não ter desenvolvido uma política de reforma agrária.

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