São Paulo, sexta-feira, 29 de novembro de 1996
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Ex-PM pega 261 anos por chacina no Rio

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O ex-soldado da Polícia Militar Nélson Oliveira dos Santos Cunha, 29, foi condenado ontem a 261 anos de prisão por ter participado da chacina da Candelária.
Os sete jurados do 2º Tribunal do Júri do Rio consideraram Cunha culpado pelo assassinato de oito meninos de rua e pela tentativa de homicídio contra o ex-mendigo Wagner dos Santos.
Cunha foi inocentado da acusação de tentativa de homicídio contra cinco menores de rua.
A chacina da Candelária ocorreu em 23 de julho de 1993. Oito menores foram mortos a tiros de madrugada. O crime ocorreu perto da igreja da Candelária (no centro).
O advogado de Cunha, Luiz Carlos da Silva Neto, anunciou que vai requerer um novo julgamento ao juiz do 2º Tribunal do Júri, José Geraldo Antônio. O segundo julgamento é um direito do réu quando a pena supera 20 anos de prisão.
Além do novo julgamento, Silva Neto pedirá ao Tribunal de Justiça a desclassificação da condenação por tentativa de homicídio contra Santos.
O advogado quer que o crime seja considerado lesão corporal culposa (sem intenção). No julgamento, Cunha confessou ter presenciado a chacina, mas negou ter matado alguém. Ele disse que atirou acidentalmente em Wagner dos Santos.
O julgamento começou às 14h10 de anteontem e terminou às 9h30 de ontem. De madrugada, ao apresentar a tese de defesa, o advogado do réu deu um soco na mesa, cujo tampo de vidro se espatifou.
Cunha foi condenado a 27 anos de prisão por homicídios praticados contra maiores de 14 anos (cinco). Como as outras três vítimas fatais tinham menos de 14 anos, a pena estipulada em cada um desses crimes foi de 36 anos.
Pela tentativa de homicídio, o ex-PM foi condenado a 18 anos.
Os promotores Maurício Assayag e José Piñeiro Filho não anunciaram se recorrerão contra a sentença e as cinco absolvições.
O advogado de Cunha disse ter considerado o julgamento uma vitória para seu cliente.
"Quarenta por cento do processo foi decidido em favor dele", disse Silva Neto.
O segundo julgamento de Cunha deverá ser em maio.
No próximo dia 9, serão julgados os acusados Marcelo Ferreira Cortes, Cláudio Luiz Andrade dos Santos e Jurandir Gomes de França.
Marcos Vinícius Borges Emmanuel, 29, que confessou ter participado do crime, foi julgado em abril e condenado a 309 anos de prisão.
No novo julgamento, ele foi inocentado de cinco tentativas de homicídio e quatro assassinatos, sendo condenado a 89 anos de prisão.
Emmanuel pode ser solto após cumprir 14 anos.

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