São Paulo, sexta-feira, 29 de novembro de 1996
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'O Amor' promove a bagunça dos sexos

MARIANE MORISAWA
DA REDAÇÃO

"O Amor Não Ordinário" parece ser um filme sobre relacionamentos homossexuais. Com o tempo, porém, o espectador descobre que está enganado.
Não que não existam pessoas das mais diferentes opções. Em uma casa, moram Wendy (Erika Klein), heterossexual, Kevin (Smith Forte), homossexual, Andy (Robert Pecora), bi, e Vince (Koing Kuoch), que ainda não assumiu sua homossexualidade.
Tudo começa quando Tom (Dan Frank), ex-namorado de Kevin e atual de Wendy, morre. Kevin, endividado, escolhe Ben (Mark S. Iarson) para dividir as despesas.
Ben é o maior estereótipo nessa floresta de personagens mal construídos: gordo, chato, com mania de limpeza, assexuado e ladrão -roubou o banco em que trabalhava.
Enquanto aguentamos a chatice de Ben, somos contemplados com Andy se relacionando com a vizinha, Vince tendo sonhos eróticos com Ramon (Tymme Reitz), o filho da mesma vizinha, e Kevin se casando com Wendy, pois ela espera um bebê de Tom. Nada demais: Victor Fasano foi capaz de se apaixonar pela barriga de Claudia Abreu em "Barriga de Aluguel".
Com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, além das péssimas atuações, nada é abordado profundamente. Tudo soa artificial.
Então, a surpresa: o filme vira policial. Kevin vai preso, acusado por Andy -que havia participado do mesmo assalto que Ben e Tom- de matar Tom.
Wendy é providencialmente morta, Andy foge da polícia, o chato do Ben vai preso. A mãe de Kevin aceita normalmente sua homossexualidade, tão escondida.
Uma comédia que não faz rir quando quer e que faz gargalhar quando pretende ser séria. "O Amor Não Ordinário" é indeciso. Que os personagens o sejam é perdoável, mas não dá para aguentar que o diretor e roteirista também não saiba o que fazer.

Filme: O Amor Não Ordinário
Produção: EUA, 1994
Direção: Doug Witkins
Com: Smith Forte e Erika Klein
Quando: a partir de hoje, nos cines Ibirapuera 3, Olido 2 e circuito

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