São Paulo, sexta-feira, 29 de novembro de 1996
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Ação imediata; Eleição em Ribeirão Preto; Declaração deturpada; Oposição exacerbada; Emoção caseira; Preconceito antinipônico; Fora da rede bancária

Ação imediata
"Somos surpreendidos por uma injustificável falta de vacina, particularmente da DPT -Difteria, Coqueluche e Tétano.
A Sociedade de Pediatria de São Paulo, em nome dos pediatras e de todos os profissionais que atuam na atenção à saúde da criança, vem a público exigir uma ação imediata das autoridades, pois não há explicação possível que possa justificar uma falta de tal gravidade, colocando em risco a saúde de milhões de crianças!"
Rosana Fiorini Puccini, presidente do Departamento de Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo (São Paulo, SP)

Eleição em Ribeirão Preto
"A propósito do artigo 'Um balanço petista - 2', de José Dirceu (27/11): em Ribeirão Preto, o PSB não lançou candidatos contra a 'esquerda', mas sim integrou a Frente Popular, composta pelo PDT, PSB e PCB.
A administração petista de Ribeirão Preto, essa sim de direita, não mereceu o apoio dos socialistas porque, com o aval e aplausos de Lula e do signatário do artigo: praticou e pratica uma política de superfaturar os preços de obras e compras públicas; fraudou por diversas vezes a Lei de Licitações para beneficiar seus apadrinhados; nomeou para o comando da Guarda Municipal o cel. José Elídio Moreira, que participou ativamente da repressão política da ditadura militar; nomeou para a presidência da Fundação Teatro Pedro 2º o sr. Antônio Carlos Coutinho Nogueira, que foi diretor do Banespa no governo Fleury; aliou-se ao PMDB e ao PFL no segundo turno."
Leopoldo Paulino, vereador pelo PSB (Ribeirão Preto, SP)

Declaração deturpada
"Em 22/11 fui surpreendido com informação estampada na Folha onde se me atribui manifestação que, reproduzida fracionadamente, deturpa por completo o que transmiti sobre declaração de bens do sr. Celso Pitta.
O jornalista Luis Henrique Amaral me pedira opinião, por telefone, sobre informações da 'Folha da Tarde' de 13/11 que, após, me transmitira via fax a que juntou cópia parcial da declaração de rendimentos do sr. Pitta.
Manifestei-me, via fax, no sentido de que 'em princípio, os elementos são insuficientes a se levantar presunções desabonadoras ao prefeito eleito'. Afirmei, então, o seguinte:
'A 'Folha da Tarde' fez bem em procurar ouvir a esposa do candidato com antecedência, mas não a tendo ouvido possivelmente deveria ter aprofundado sua pesquisa, até porque -vê-se- o então candidato não procedeu a deduções com dependentes nem a despesas com instruções dos mesmos. Isso sinaliza que, possivelmente, os filhos contam com rendimentos próprios ou subsídios de outros familiares -o que não era caso de informar na referida declaração, por óbvio.
Igualmente, os elementos patrimoniais privativos (bens) da esposa poderão ter constado apenas da sua própria declaração.
De todo modo, o sr. Celso Pitta terá dado prova de transparência ao apresentar elementos outros de sua declaração de rendimentos que não digam estritamente com bens, pois, salvo falha de informação minha, a obrigatoriedade de publicação diz apenas com a declaração de bens'.
Minha manifestação foi no sentido de não ver qualquer irregularidade, diante dos elementos que me foram apresentados. Isso é muito diferente de se me atribuir manifestação de que 'Pitta teria de contar com subsídios de outros familiares para manter o seu padrão'."
Valdir de Oliveira Rocha, professor de direito tributário da Faculdade de Direito da USP -Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

Oposição exacerbada
"Se a reeleição fosse sua preocupação prioritária, você editaria medida provisória sobre o ITR (Imposto Territorial Rural)?
O governo que a editou é néscio ou visa os interesses maiores da nação.
A parcela mais responsável da oposição ao governo que responda."
José Gilberto Sérvulo da Cunha (São Paulo, SP)

Emoção caseira
"Muito comovente a emoção -e quase lágrimas- do presidente FHC e dona Ruth por ocasião da visita a Soweto, na África do Sul.
Mas não seria também importante que o casal presidencial se emocionasse em verde e amarelo com as vítimas de hemodiálise de Caruaru, os velhinhos da Santa Genoveva ou os recém-nascidos da maternidade de Fortaleza?
Ou ainda com os habitantes das milhares de 'Sowetos' espalhadas pelo Brasil, que sofrem com falta de água potável, com as valas negras, cólera, dengue etc.?"
Luiz Carlos Rangel (Petrópolis, RJ)

Preconceito antinipônico
"Permito-me discordar do preconceito antinipônico manifestado pelo autor do editorial de 22/10 intitulado 'O Japão que diz não'.
Foi usado como gancho o título do livro do deputado Shintaro Ishihara 'O Japão que Sabe Dizer Não', e não como o autor publicou: 'O Japão que Pode Dizer Não'.
O editorial começa dizendo que 'Akio Morita escreveu...' Outra inverdade. Morita apenas participou, com Ishihara, do texto de alguns briefings para conhecimento do gabinete do primeiro-ministro Noboru Takeshita (1987-1989). E esses poucos briefings foram incluídos no livro do Ishihara.
O próprio Morita desautorizou qualquer vinculação de seu nome ao referido livro.
E o livro não conclamava os japoneses a coisa alguma. Apenas adverte as autoridades do Japão que devem discutir com os Estados Unidos de igual para igual. E para que vincular um livro de um deputado aos resultados das eleições de domingo? Pretexto para fazer as colocações preconceituosas?
Se verificar com atenção os resultados das eleições japonesas, o eleitor japonês não disse não aos políticos e nem às antigas lideranças.
O tradicional Partido Liberal Democrático aumentou sua representação parlamentar: de 211 deputados agora tem 239. Faltaram apenas 12 deputados para o PLD voltar a ter maioria absoluta. Estranhamente, houve um crescimento da bancada comunista (de 15 para 26). E o comparecimento do eleitorado foi de 60%. A abstenção não foi tão elevada, considerando que o voto é facultativo.
É uma tremenda injustiça acusar o governo japonês de incompetente nas providências referentes a quatro ocorrências: ataques terroristas de religiosos, terremoto de Kobe, intoxicação alimentar (editorial classificou de assustadora) e crise econômica.
Ao contrário da conclusão de seu editorial, o resultado que aparece nas urnas não demonstra uma derrota das lideranças tradicionais. Nem houve incompetência ou lentidão operacional."
Dirceu M. Coutinho (São Paulo, SP)

Nota da Redação - Como admite o leitor, Akio Morita teve de fazer um tremendo esforço para, depois de publicado e em face da reação provocada, desvincular-se do livro em questão, cujo nome na versão em inglês é "The Japan That Can Say No", ou "O Japão que Pode Dizer Não". Outros pontos do editorial são igualmente reconhecidos pelo leitor: grau elevado de abstenção, estranheza frente ao crescimento dos comunistas, a necessidade de coalizão para o PLD continuar governando. São fatos que, a nosso ver, mostram um quadro de fim de hegemonia de um partido e crise política no Japão.

Fora da rede bancária
"Fui abrir uma conta bancária e não pude. A renda para isso tem que ser de R$ 2.000.
Sou professora e para tanto teria que trabalhar em quatro escolas.
Pode?"
Teresa Luiza Leite Cesar (São Paulo, SP)

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