São Paulo, sexta-feira, 29 de novembro de 1996 |
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Verão chegando
LUIZ CAVERSAN Rio de Janeiro - Passaram-se as eleições, o COI veio, bateu bola no Maraca, dançou com os índios, foi-se, as balas perdidas aumentaram, diminuíram, voltaram a crescer em número e grau (já atingem jovens modelos), há rock à meia voz, como o de Marina Lima, e aos berros, o dos redivivos Sex Pistols, e uma constatação se faz necessária: nada do verão chegar ao Rio.A esta altura do ano, normalmente sua-se em bicas, dorme-se só com ar condicionado, veste-se pouco e bebe-se muito -água, chope, qualquer coisa gelada. Já é quase dezembro e tudo está diferente, porém: as noites são frescas, a água do mar, dizem, está mais gelada que nunca (até morreu um rapaz dias atrás, de choque térmico...), os praieiros reclamam, mas a maioria aprova o clima civilizado. A cidade fica, ainda que aparentemente, mais civilizada mesmo, enquanto a fornalha não chega. Por fornalha entenda-se os 43 graus que suportou-se ano passado. O grau de civilidade pode ser notado tanto nas roupas secas, e não encharcadas de suor, como nos ânimos menos exacerbados; exacerbação típica de cidade lotada e escaldante. Mas o verão está chegando, com as cores do dia ofuscando até o Redentor lá no alto do morro. Os tambores já ressoam mais intensamente nos morros e quadras das escolas de samba, dizem que hoje em dia dominadas por traficantes, que ocuparam o lugar deixado vago pelos desbancados banqueiros do bicho. Consta até que Martinho da Vila não é mais da Vila Isabel por causa disso. Depois de todos os transtornos das obras eficientemente eleitoreiras -afinal, Conde, o obreiro, ganhou a eleição-, as áreas de maior visibilidade do Rio estão mais bonitas, assim como o é quase tudo que é novo. Nova, ou renovada, também está a expectativa pelos dias mais bonitos da época do ano de maior fervor do velho e bom balneário. Que chegue o verão... Texto Anterior: O fim de um bom emprego Próximo Texto: Sua excelência, o mercado Índice |
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