São Paulo, sexta-feira, 29 de novembro de 1996
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O fim de um bom emprego

VALDO CRUZ

Brasília - Governo e sindicalistas estão certos de que os sindicatos correm risco de desaparecer caso não se modernizem. Os dois lados concordam também que, diante dessa ameaça, chegou a hora de acabar com a unicidade sindical e com a contribuição compulsória.
Uma ala do sindicalismo desconfia, porém, que o governo estimula o fim da unicidade sindical com um único objetivo: dividir o movimento, aumentando ainda mais o número de sindicatos.
Presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, faz parte desse grupo: "O governo quer o fim da unicidade sindical para dividir o sindicalismo, enquanto a nossa luta é pela unificação".
O ministro Paulo Paiva (Trabalho) diz que não. "Queremos apenas dar condições para que os trabalhadores se organizem livremente."
Vicentinho cita números para defender sua proposta de unificar os sindicatos. No início da década de 80, havia no país cerca de 4.500 entidades -patronais e de trabalhadores. Hoje, o número estaria acima de 18 mil.
O crescimento ocorreu, em sua maior parte, por causa da divisão no movimento sindical dos trabalhadores. Novas entidades surgiram, sem nenhuma representatividade.
Aí sim estão os principais inimigos de Vicentinho. E ele sabe disso. Essa turma vai resistir até o último momento.
É como diz o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Paulo Pereira da Silva, da Força Sindical. "A maior parte dos sindicatos não passa de um bom emprego para líderes sindicais."
Um bom emprego que está perto do fim. Ou ele acaba por meio do entendimento entre os sindicalistas brasileiros ou será destruído pela crise financeira.
Afinal, os sindicatos, como as empresas, não têm como fugir da modernização. O trabalhador do futuro não vai aceitar o comando de um líder atrasado e inoperante.

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