São Paulo, sábado, 30 de novembro de 1996
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Livro mostra a hipocrisia nas empresas

CLÁUDIA PIRES
DA REPORTAGEM LOCAL

Que tal aprender técnicas para se sair bem no trabalho sem precisar trabalhar demais?
Essas "técnicas" são narradas no livro "O Princípio Dilbert", do economista norte-americano Scott Adams, lançado recentemente no Brasil.
O livro reúne algumas das melhores tiras do personagem de histórias em quadrinhos Dilbert, criado por Adams há cerca de dez anos.
Nos EUA, Dilbert virou mania. É possível encontrar vários tipos de produtos com a estampa dos personagens. O livro, lançado no mercado norte-americano em março deste ano, já vendeu mais de 1 milhão de exemplares.
O segredo do sucesso do livro é a identificação dos leitores com seus personagens. Os norte-americanos se viram retratados na figura do engenheiro Dilbert, sempre perseguido por chefes tiranos e cercado de colegas imbecis.
Adams, que trabalhou durante anos na empresa Pacific Bell, uma das grandes do setor de telecomunicações dos EUA, utilizou sua experiência na criação das tiras.
Além de sua vivência, ele recebeu sugestões das pessoas que ainda trabalham nas grandes corporações. Segundo Adams, grande parte dessas pessoas sabe que "por mais esperto que você seja, você passa a maior parte do tempo agindo como um idiota".
A identificação das pessoas com as situações vividas por Dilbert comprova, segundo o autor, um dos princípios básicos de sua teoria: "Existem dois tipos de empresa -as que são como as de Dilbert e as que dizem que não são".
Entre os personagens que infernizam a vida do engenheiro estão os gerentes, definidos como "incompetentes sistematicamente promovidos para cargos em que incomodem menos".
Segundo Adams, esses personagens comprovam que "não é o mundo dos negócios que desperta nossa idiotice, mas poderia ser o lugar onde mais a notamos".
Estratégias interesseiras
Para se sair bem no trabalho é preciso desenvolver "estratégias interesseiras".
Essas estratégias podem ir de um inofensivo fingir que trabalha até chegar ao roubo das melhores idéias e projetos dos colegas.
Outro ponto ressaltado refere-se aos executivos. Segundo o livro, os homens de negócios estão sempre demonstrando interesse por novas iniciativas, mas não estão realmente interessados em realizá-las.
Essas figuras "maquiavélicas", como ele as descreve, estão por toda parte. As piadas não perdoam nem o processo de implantação de programas de qualidade total, reengenharia, ISO 9000 e as temidas avaliações de desempenho.
Longe de ser um livro intelectualizado ou com o compromisso de apontar erros e acertos, "O Princípio Dilbert" é uma divertida maneira de observar situações vividas dentro das empresas de uma forma simpática, como os próprios desenhos do autor.

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