São Paulo, domingo, 1 de dezembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sem Cléber, Leandro, Sandro, Viola, sei não...

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Xiii, a coisa está preta para o Verdão, como diria o Zé Simão. Nem tanto pela diferença de dois gols que o Palmeiras precisa tirar hoje do Grêmio, para seguir em frente no campeonato. Afinal, jogando em casa, mesmo diante da sólida tradição do adversário, o Palmeiras tem time para isso.
É uma questão de clima, de estado de espírito, posto que uma derrota, de virada, abate mais do que instiga.
Além do mais, Wanderley Luxemburgo cometeu dois erros fatais no jogo de ida a Porto Alegre: 1) deveria ter escalado Wágner logo de cara, ao lado de Cléber, já que esse era um jogador em atividade, enquanto Cláudio vinha de longa paralisação; 2) deveria ter pressentido desde os primeiros movimentos que aquela não seria a noite de Djalminha; logo, na emergência da entrada de Wágner, com a expulsão de Leandro, teria de sacar o craque e deixar Elivélton, jogador de múltiplas funções e maior participação coletiva, o que amenizaria, na prática, a diferença de 11 contra 10.
Para ainda mais adensar o clima, já pesado com a indisfarçável falta de sintonia entre o técnico e o presidente do clube, na sexta-feira, Flávio Conceição envolveu-se num episódio policial de pequenas proporções, mas suficiente para desestabilizá-lo: dirigia sem habilitação e foi preso. Sem Cléber, Leandro, Viola, Sandro, sei lá quem mais, sei não...
*
O que está lá em cima poderia valer para Guarani e Atlético-PR, que hoje também tentam reverter a mesma situação, diante de Goiás e Atlético-MG. Quanto aos paranaenses, porém, sempre há aquela reserva especial dos que entraram na competição sem muito alarde e chegaram tão longe por seus próprios méritos.
Já o Guarani, que, desde a perda do menino Cairo, carece de criatividade no meio-campo, vai atacar de três avantes. É uma tese. Mas, cá entre nós, sua arma secreta continua sendo o presidente Zini.
Aliás, não sei por que ele ainda não entrou em campo.
*
O Clube dos 13 se reuniu na sexta-feira, aqui em São Paulo, e, findo o encontro, felizmente, restou a mesa intacta e de tampo para cima: o Flu fica mesmo na segundona, e o máximo que seus co-irmãos podem fazer é dar uma ajuda pecuniária ao primo pobre.
E dizer que esse mesmo Fluminense, desde sua fundação, foi durante décadas um modelo de administração. Exemplo: na virada para o profissionalismo, em meados dos 30, o Flu veio a São Paulo e levou, a peso de ouro, meia seleção paulista, de Romeu a Hércules, passando por Tim e outras tantas estrelas.
Apesar desse gesto ousado e de ter construído valiosíssimo patrimônio, físico e histórico, o Flu sempre se caracterizou pelo comedimento: jamais cometeu loucuras e consubstanciou sua glória no campo com os inesquecíveis "timinhos" de Telê ao "Casal 20" formado pela dupla Washington e Assis. Times baratos e vencedores.
O que deu nessa última geração tricolor?
*
Obrigado, Dalmo Pessoa, pelo voto em louvor da Câmara Municipal ao livro "Palmeiras - A Eterna Academia", da DBA-Melhoramentos.

Texto Anterior: Ex-favoritos encaram mesmo desafio
Próximo Texto: Nem é competição
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.