São Paulo, domingo, 1 de dezembro de 1996
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Nem é competição

SÍLVIO LANCELLOTTI

Durante toda esta semana o meu e-mail (lancellotti@originet.com.br) ficou congestionado por mensagens de protestos. Inúmeros leitores não aceitam que eu batize a Toyota Cup de mundial simbólico de clubes.
A maior parte dos reclamos provém de fãs do Santos, do Flamengo, do Grêmio e do São Paulo, que se orgulham das estrelinhas bordadas nos seus uniformes e as suas bandeiras. Sinto muito, porém.
Mesmo a minha velha Juve do coração não passa de uma campeã simbólica do planeta.
Relembro que a Toyota Cup não é uma competição oficializada pela Fifa.
Aliás, nem sequer é uma competição de fato.
Trata-se de um evento bonito, eventualmente emocionante, claro que importante -mas apenas um evento.
Detalhe: tal evento nem mesmo existiria mais se a empresa japonesa não topasse promovê-la, unilateralmente, em 1980.
Antes da Toyota, batizado de Copa Europa-América do Sul, o evento paulatinamente se esgarçava -por causa da violência dos sul-americanos e do desinteresse dos europeus.
Inaugurado em 1960, o evento começou a desandar em 1971, quando o Ajax da Holanda se recusou a enfrentar o Nacional do Uruguai e foi substituído pelo Panathinaikos da Grécia.
Em 1973, de novo o Ajax desistiu de desafiar o Independiente da Argentina e foi substituído pela Juve.
Em 74, coube ao Bayern da Alemanha ignorar a Copa.
No seu lugar, o Atlético de Madrid jogou com o Independiente.
Pior, em 75 e em 78, nenhum time da Europa se dignou a experimentar a rudeza dos sul-americanos.
Para finalizar: um verdadeiro Mundial de clubes precisa ser abençoado pela Fifa e precisa ostentar, também, os campeões da África, da Ásia, da Concacaf e da Oceania, por mais frágeis que eles possam se mostrar.

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