São Paulo, segunda-feira, 2 de dezembro de 1996
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Sadia volta a lucrar e sai atrás de dólares

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

As ações da Sadia Concórdia, empresa do setor de alimentos mais negociada nas Bolsas, voltaram a subir nas últimas semanas, embaladas pela recuperação dos resultados do grupo em outubro.
No mês passado, Sadia Concórdia PN (ação preferencial, sem direito a voto) subiu 13,94% na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), segundo a Economática.
Foram negociados em novembro R$ 13,8 milhões em ações da empresa, holding de um conglomerado que reúne 14 companhias, 22 fábricas, 32 mil funcionários e com faturamento previsto de R$ 3,1 bilhões em 1996.
Como a ação estava praticamente parada em relação ao final de 1995, com variação mixuruca de 0,91% até outubro, a rentabilidade acumulada no ano era de 14,98% até sexta-feira passada.
No período, o Ibovespa, índice que mede as ações mais valorizadas na Bolsa paulista, subiu 55,06%. O FGV-100, indicador das ações de segunda e terceira linhas, oscilou 8,89%.
Enquanto isso, a concorrente Ceval PN -segunda ação do setor mais disputada na Bolsa- perdia 7,2% até sexta passada. Perdigão PN, por sua vez, subia 35,05%. Menos negociadas que o papel da holding do Grupo Sadia, as ações das subsidiárias Sadia Oeste e Frigobrás fizeram feio: variação de 0% e -18,9%, respectivamente.
Reviravolta
Luiz Fernando Furlan, presidente do conselho de administração da Sadia, reuniu analistas de mercado de capitais, quinta-feira, para "vender" o primeiro balanço positivo nos últimos dez meses.
A Sadia fechou o mês de outubro com lucro de R$ 18,8 milhões, pelo critério contábil de correção monetária integral, utilizado até 1995. Assim, o prejuízo acumulado, de R$ 25 milhões até setembro, foi reduzido para R$ 6 milhões.
Pela legislação societária (sem considerar a inflação), o lucro foi de R$ 20,6 milhões em outubro. Por esse critério, a empresa fecha os dez primeiros meses de 96 com lucro de US$ 14,5 milhões.
A empresa anunciou, ainda, investimentos de R$ 422 milhões nos próximos cinco anos. Dessa verba, 53% irá para a produção de alimentos industrializados e 41% para carnes "in natura". Os restantes 6% aumentarão a produção de grãos e derivados.
Outra notícia de impacto: o grupo fechou com a IFC (International Finance Corporation), braço financeiro do Banco Mundial, uma captação de US$ 200 milhões.
"A tendência mudou. Fecharemos 1996 no azul", diz Furlan.
A empresa não espera repetir o desempenho do ano passado, quando lucrou R$ 111 milhões. Mas, pelo menos, não vai dar vexame, seguindo o exemplo das concorrentes, que estão revertendo neste final de ano resultados negativos do primeiro semestre.
O analista Werner Müller Roger, do Citibank, prevê um lucro de R$ 16 milhões neste ano e de R$ 84 milhões em 1997, pelo critério de correção monetária integral.
Daniela Bretthauer, analista do Unibanco, espera equilíbrio (nem prejuízo, nem lucro) neste ano e lucro de R$ 25 milhões em 1997. Seu critério de avaliação, explica, desconta lucros contábeis da Sadia por conta da reversão de impostos e tributos (ICMS e PIS) -cerca de R$ 24 milhões neste ano.
Na moita
Ambos os analistas estão revendo seus relatórios do setor de alimentos à luz dos últimos números, mas não recomendam ainda a compra de ações da Sadia.
Roger prefere disparar o "buy" (ordem de compra) para ações da Ceval e da Santista Alimentos. Bretthauer recomenda Perdigão.
"A Sadia vai ficar mais interessante em 97, com o crescimento do lucro. Mas há muitas incógnitas quanto aos preços das carnes industrializadas nos próximos meses", diz o analista do Citibank.

E-mail: papeis@uol.com.br

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