São Paulo, segunda-feira, 2 de dezembro de 1996
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'Batman' faz subversão

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Em 1989, "Batman" foi uma surpresa: filme de grande orçamento, típico "blockbuster" destinado ao entretenimento, ia contra todas as expectativas.
O aspecto sinistro do personagem e de sua cidade, Gotham City, convertiam-se ali no próprio fundamento do filme.
Era como se "Batman" dissesse, na lata e contra toda lógica do "blockbuster": este mundo não vai bem.
Três anos depois, "Batman - O Retorno" voltava a surpreender. Agora, Tim Burton desenvolvia uma espécie de alegoria de terror, em que a cidade era dominada pelo terrível Pinguim.
O vilão chegava lá usando, em linhas gerais, as armas correntes do marketing político. Nenhuma vilania em particular. O filme assustava por sua semelhança com a vida real. Não é por nada que muitos espectadores torceram a cara.
Não é por nada, também, que Tim Burton deixou a direção da série e o terceiro "Batman" (1995) finalmente adquiriu as feições menos sombrias, mais cheias das aventuras com que sonhavam os fãs dos quadrinhos.
A Warner hoje promove a exibição dos dois primeiros filmes da série (às 21h30 e 0h, respectivamente).
É uma oportunidade de ver, de enfiada, um momento maior do cinema contemporâneo: aquele em que um cineasta tirou partido do sistema para fazer de filmes aparentemente inócuos pérolas de reflexão sobre o mundo em que vivemos. Porque, afinal, é quando isso acontece que o cinema ainda tem sentido.
(IA)

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