São Paulo, terça-feira, 3 de dezembro de 1996![]() |
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Grupo anti-Aids pode ser despejado
FABIO SCHIVARTCHE
A entidade não paga o aluguel da casa de 500 m² no bairro de Santa Cecília (zona central) há dois meses, acumula o pagamento de impostos e não dispõe de verbas para os encargos salariais dos cinco funcionários. A proprietária da casa, Graça Melile, 47, afirma que vai entrar com ação de despejo nos próximos dias. "Eles já devem mais de R$ 6.000", reclama. Fundado em 1985, o Gapa atende a cerca de 50 portadores do HIV por dia, fornecendo assistência psicológica, social e jurídica, e sobrevive com a venda de camisetas e "buttons", pequenas doações e verba do Banco Mundial repassada pelo DST/Aids (Programa de Doenças Sexualmente Transmissíveis) do Ministério da Saúde. Segundo a presidente da entidade, Áurea Abbade, 47, "o problema financeiro vem se arrastando desde o ano passado". "Tivemos uma grave crise em 95 e, desde então, não conseguimos mais nos recuperar", disse. A falta de verbas ficou evidenciada com a demissão de oito funcionários, nos últimos meses. O gasto mensal do Gapa é de cerca de R$ 7.000, sendo R$ 3.000 só para o aluguel. "Entre pagar a conta de luz e comprar remédios optamos sempre pelo mais emergente, que é cuidar da saúde das pessoas", afirma Áurea. Segundo ela, o governo federal é um dos culpados da crise vivida pela entidade. A presidente se refere aos dois projetos já aprovados pelo Ministério da Saúde e que elevarão a renda anual da entidade para R$ 100 mil. "Esses problemas burocráticos estão matando o Gapa", diz. Prestação de contas O DST/Aids informou que a verba desses projetos será liberada dias depois que a entidade fizer a prestação de contas de dois financiamentos já concedidos. A assessoria de imprensa do ministério ressaltou que não é problema do governo abrir ou fechar entidades, mas financiar projetos de "intervenção comportamental". Segundo o presidente da Abong (Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais), Silvio Caccia Bava, 46, o Plano Real cortou indiretamente 35% do orçamento das entidades. Texto Anterior: Pesquisa revela desinformação Próximo Texto: Pitta mantém 3 secretários de Maluf Índice |
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