São Paulo, terça-feira, 3 de dezembro de 1996
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'Ladrão' é sempre leve

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

O gênero privilegiado do dia é o suspense, representado por "Ladrão de Casaca" (USA, 16h e 4h). de Hitchcock, e "Mulheres Diabólicas" (22h), de Claude Chabrol.
Ou seja, é uma espécie de linhagem do suspense que se mostra aqui. Há o mestre, Hitchcock, tido até os anos 50 como um mero diretor comercial (ou seja: com muito público, mas sem importância), e discípulo, Chabrol, co-autor do primeiro estudo sério sobre o cineasta inglês.
No mais, o filme foi rodado na Europa, o que permitiu a seus fãs críticos acompanharem as filmagens, fazerem entrevistas etc.
Também não é tão gratuito assim o fato de boa parte da ação se passar em Mônaco, de onde a heroína, Grace Kelly, viria a se tornar princesa.
É coerente com o filme. Qualquer um percebe que Grace -fina, quase descarnada- não é mulher para Cary Grant -plebeu, atlético, sensual.
Uma união entre os dois seria, do ponto de vista tradicional, uma desvalorização para o tipo de mulher representado por Grace (rica, ociosa). Mas um dos prazeres de Hitchcock era colocar face a face personagens incompatíveis.
Na história do filme, Cary tenta provar que não cometeu os crimes que lhe imputam e ficar com ela.
Há uma leveza em Ladrão" que vem de Cary Grant (a agilidade do ladrão organiza tudo). Ela é acentuada por Hitchcock -não raro sádico com suas atrizes- dar a impressão de que não gostava de ver Grace sofrer (muito, em todo caso). A leveza conduz, aqui, o encanto do suspense.
(IA)

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