São Paulo, terça-feira, 3 de dezembro de 1996
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'Meio-judeu' ajudou Hitler, diz estudo

Oficiais receberam até medalhas

LUCIA MARTINS
DE LONDRES

Centenas de militares com ascendência judaica -entre eles 77 oficiais- serviram no Exército de Hitler e ajudaram os líderes nazistas a exterminar 6 milhões de judeus na Segunda Guerra Mundial.
Esse é o resultado de uma pesquisa feita durante os últimos três anos por Bryan Rigg, 25, estudante de pós-graduação da Universidade de Cambridge (Reino Unido).
O estudo mostra ainda que Hitler sabia da origem judaica de dezenas de oficiais -alguns deles pertencentes à Gestapo (a polícia secreta nazista)- e que até assinou documentos atestando que eles tinham "sangue alemão", uma espécie de passaporte para o nazismo.
O resultado do trabalho de Rigg, que é americano e graduado na Universidade Yale (EUA), foi divulgado ontem pelo jornal britânico "Daily Telegraph".
"Foi uma pesquisa exaustiva. Rigg fez centenas de entrevistas com familiares de soldados e pesquisou os arquivos do Exército para chegar aos resultados", disse à Folha o diretor da Faculdade de História da Universidade de Cambridge, Jonathan Steinberg.
Segundo as leis nazistas, filhos e netos de judeus não podiam ser oficiais. Mas um documento de janeiro de 1944 descoberto por Rigg declara que 77 oficiais "com ascendência judaica ou casados com judias" estavam fora do alcance da legislação.
Rigg também descobriu que Hermann Goering, um dos principais homens de Hitler, falsificou a paternidade de Field Milch, seu vice, que era "meio-judeu" (termo usado pelos nazistas).
O estudo lista ainda oficiais e soldados descartados inicialmente por causa do parentesco e mais tarde premiados pelos nazistas.
Um dos oficiais entrevistados por Rigg teria visitado o próprio pai em um campo de concentração usando medalhas nazistas.
Outros dois oficiais "meio-judeus", Helmut Wilberg e Edgar Jacobson, trabalhavam com a propaganda nazista e circulavam com medalhas com o símbolo da SS.

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