São Paulo, terça-feira, 3 de dezembro de 1996
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Expansão da Otan divide Europa, diz Rússia

JAIR RATTNER
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE LISBOA

O premiê da Rússia, Viktor Tchernomirdin, atacou a expansão da Otan no discurso inicial da cúpula da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa.
O líder russo afirmou em Lisboa que a ampliação da aliança militar ocidental em direção ao Leste Europeu criaria novas linhas de divisão no continente.
"Não está claro que o aparecimento de novas linhas de divisão levaria à piora de toda a situação política do mundo?", perguntou.
"A Rússia não pode impor um veto à expansão da Otan, mas ninguém restringirá o nosso direito de defender os interesses nacionais."
Em oposição a um possível crescimento da Otan, a Rússia deve exigir que tropas estrangeiras e instalações militares não fiquem nos países com que faz fronteira.
"A Europa é nossa casa comum. Queremos construir a nossa casa, e eles querem nos dividir", afirmou, referindo-se aos países da aliança. A expansão da Otan, com a possível inclusão de Hungria, Polônia e República Tcheca, deve ser decidida em 1997.
Limitação de armas
Com a presença de representantes de 54 países, a reunião, que termina hoje, vai iniciar o processo para renegociar um tratado de 1990 que limita armas convencionais. Os representantes concordaram em implementar o acordo sobre as armas com algumas adaptações, que seriam feitas em uma reunião no próximo mês.
A Rússia queria mudar o acordo por considerá-lo obsoleto após o fim da União Soviética, em 1991.
O tratado atual prevê a limitação e o equilíbrio de forças entre a Otan e o extinto Pacto de Varsóvia em cinco tipos diferentes de armas de ataque: aviões, helicópteros, tanques, carros blindados e veículos de transporte de soldados.
A cúpula da OSCE deve ainda adotar um documento sobre a segurança européia no próximo século. O documento constituiria uma série de conceitos para que "os países se sintam seguros".
Hebron
Paralelamente à conferência, ontem foram realizadas cerca de 150 reuniões entre chefes de Estado e de governo e ministros das Relações Exteriores dos países.
O chefe de governo que mais chamou a atenção foi o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu. Ele se reuniu com o vice-presidente americano, Al Gore, com o chanceler alemão, Helmut Kohl, com o premiê italiano, Romano Prodi, e com o presidente francês, Jacques Chirac.
Netanyahu tentou explicar por que o acordo para a retirada das tropas israelenses de Hebron não foi atingido. Ele atribuiu a culpa aos palestinos, que estariam buscando mais concessões.

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