São Paulo, quarta-feira, 4 de dezembro de 1996
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Sem marca

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Sergio Amaral derrapa sempre que precisa mostrar que, além do Plano Real, além do poder de sedução de FHC, o governo tem alguma coisa. Em entrevista à Bandeirantes, ele admitia:
- Sem dúvida, o que explica em boa parte o reconhecimento da sociedade, em relação ao governo, é o Real. É o eixo de sustentação.
Até aí, o óbvio. O Real elegeu e sustenta FHC.
- O outro elemento importante é a confiança que a população tem no presidente.
É a sedução de FHC, inegável. Mas, por fim:
- E começa a ter também o reconhecimento da ação social do governo...
Não, não. Maluf, na eleição, venceu porque FHC nada tinha a oferecer, além do Real e da simpatia. Não tem obras, como Maluf.
- Este governo se ressente de certa dificuldade para comunicar o que faz, pela própria natureza. Não tem obras espetaculares.
Em tom de lamúria:
- É mais difícil mostrar um conjunto de atividades pulverizadas do que duas ou três obras de visibilidade.
Aí está certo o porta-voz, improvisado de publicitário de FHC. Mas, mais lamúria, na mesma linha:
- O problema da comunicação do governo, no nosso sistema descentralizado, é que alguns vão numa direção, outros vão noutra. E torna mais difícil, para a população, perceber a marca...
A marca. O governo FHC, agora que a marca do Real está gasta, aliás, foi toda gasta na eleição presidencial anterior, está sem marca.
Não tem obras de "visibilidade", o que não quer dizer, claro, viadutos ou estradas: FHC não tem ação social de "visibilidade".
O porta-voz esforçou-se, lembrou a imagem da educação, mas não ocultou a própria angústia diante de seu presidente-candidato sem publicidade, sem marca, enfim, sem Duda Mendonça.

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