São Paulo, quarta-feira, 4 de dezembro de 1996
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Vale quer investir R$ 250 milhões no PA

CHICO SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A CARAJÁS

A Companhia Vale do Rio Doce, que tem privatização marcada para fevereiro de 97, vai investir R$ 250 milhões no período 97/99 para colocar em produção a mina de ouro de Serra Leste, no Pará, a 2 km da antiga mina de Serra Pelada.
A empresa prevê uma produção de 15 toneladas anuais de ouro a partir do ano 2000, devendo ser a maior mina de ouro do país.
Os investimentos serão feitos com recursos da própria Vale, que já deve estar privatizada, ou por meio de captações no mercado. A União não vai financiar o projeto.
Antes de iniciar a produção na mina, a Vale quer desocupar o povoado de Serra Pelada, que tinha 6.800 habitantes e tem hoje 4.000.
A estatal está pagando aos moradores, em média, R$ 8,8 mil por casa desocupada para demolição.
Luís Carlos Nepomuceno, gerente do projeto Serra Leste, disse que quem não deixar o local, preferencialmente para Curionópolis, a 50 km, não será empregado no novo projeto, que prevê a criação de até 3.000 empregos diretos.
Reservas
Serra Leste tem hoje reservas de ouro estimadas em 150 toneladas. O número ainda não é definitivo e pode aumentar, dependendo dos resultados de sondagens.
Segundo Nepomuceno, a primeira parte do investimento será de R$ 16 milhões -para perfurar um poço exploratório. O poço será a base para explorações que permitirão saber se a jazida é um corpo contínuo, como suspeita a Vale, o que pode significar um aumento da quantidade de ouro.
Serra Leste fica na província mineral da Serra dos Carajás, onde a Vale produz por ano 10 toneladas de ouro. Com Serra Leste, a estatal pretende produzir 31 toneladas de ouro por ano em todo o país.
A decisão de investir nessa nova área de produção, já conhecida, não afeta a avaliação da Vale para efeitos de privatização.
Segundo o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), gestor das privatizações, o projeto está incluído na avaliação feita e que será divulgada até 45 dias antes do dia do leilão.
No caso de novas descobertas pelos futuros donos da empresa, ou de descobertas já feitas mas não mensuradas, em áreas que hoje são concessões da Vale, é que os atuais acionistas (a União é o maior, com 51%) terão direito a uma participação nos resultados.
Projeto Salobo
Além de Serra Leste, a Vale tem em andamento em Carajás o projeto Salobo, em associação com a Mineração Morro Velho (grupo Anglo American, da África do Sul) e com o BNDES. O projeto deve entrar em operação em 2001 e o investimento é de US$ 1,5 bilhão.
A produção prevista é de 200 mil toneladas de cobre, 36 toneladas de prata e 8 t de ouro por ano.
Carajás é hoje a maior província mineral do mundo e já recebeu US$ 4 bilhões em investimentos. O principal produto é o minério de ferro, cujas reservas somam 17,5 bilhões de toneladas, suficientes para mais de 400 anos de produção nos níveis atuais, de cerca de 40 milhões de toneladas por ano.

O jornalista Chico Santos viajou a Carajás a convite da Companhia Vale do Rio Doce

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