São Paulo, quarta-feira, 4 de dezembro de 1996
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"Vou lá resolver a parada"

FÁBIO SANCHEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário-geral do PT, Cândido Vaccarezza, vai amanhã a Vitória (ES) para tentar resolver a crise no partido gerada por divergências entre o governador Vitor Buaiz e parte da bancada de deputados estaduais.
"Vou até lá para resolver a parada", diz Vaccarezza. Ele se refere ao agravamento da crise, devido à divulgação, na segunda-feira, de parte das conversas entre a cúpula do partido estadual e lideranças nacionais do PT numa reunião da semana passada.
A divulgação do conteúdo da reunião colocou em situação delicada o partido, que passou a investigar quem vazou as informações -entre elas uma frase atribuída a Luiz Inácio Lula da Silva, que teria dito: "O PT é como um avião da TAM. Pode explodir".
"Todas as pessoas presentes são suspeitas", diz o presidente regional do partido, Silvio Manoel dos Santos. "Mas como é que nós vamos colocar 'sub judice' o Lula e o Buaiz?"
"Quem revelou essas frases truncadas é um tremendo mau-caráter", diz o deputado estadual Juca Alves, um dos integrantes da bancada estadual que se opõem às medidas de Buaiz, o que mostra o clima de desconfiança que se instaurou no PT.
O governador ganhou a oposição da bancada de seu próprio partido ao tomar medidas para o enxugamento da máquina administrativa.
A maioria de seus projetos polêmicos reduz benefícios do funcionalismo estadual, que consome mais de 90% da receita do Estado.
Isso afetou diretamente deputados como José Baioco, que foi presidente da CUT estadual e tem base eleitoral entre sindicalistas.
Buaiz criou projetos que limitam os adicionais por tempo de serviço e de horas extras, reduzem a jornada de trabalho e os salários e padronizam os benefícios da administração direta com os das autarquias.
Ele também criou um projeto de demissões voluntárias, proposta questionada dentro do próprio partido em nível nacional.
A direção do PT estuda a indicação de um dirigente para mediar a relação entre o governador e deputados estaduais. Foi proposto ao ex-deputado federal Gumercindo Milhomen que fosse o representante do diretório nacional, mas ele recusou a oferta. Vaccarezza acredita que até o início de 97 um representante será escolhido. (FS)

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