São Paulo, quarta-feira, 4 de dezembro de 1996
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SP vai usar contêiner como sala de aula

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo deverá usar 150 salas emergenciais (mais conhecidas como "contêineres") para dar conta da demanda por vagas em sua rede de ensino -que atende 6,7 milhões de alunos.
Cada contêiner tem capacidade para pelo menos 30 alunos. Considerando que essas salas devem funcionar em três turnos, mais de 13 mil alunos poderão iniciar o ano letivo de 1997 estudando em "caixas de metal". Os contêineres vêm sendo usados desde o início da década para resolver emergências.
Anteontem, início das matrículas na 1ª série do 1º grau na rede estadual, repetiram-se filas e falta de vagas em locais que já eram conhecidos pelo governo.
A secretária da Educação, Rose Neubauer, afirmou que tem um plano de obras em andamento para resolver esses problemas localizados. "As prefeituras também têm de assumir sua parte no ensino fundamental.", disse.
"O município de São Paulo, por exemplo, embora atenda bastante crianças, tem condições de atender muito mais", declarou (leia resposta da prefeitura abaixo). Na cidade de São Paulo, 16 bairros apresentam os maiores problemas em relação a vagas. Quatro desses bairros -Campo Limpo (sul), Guianazes (leste), Capela do Socorro (sul) e São Miguel Paulista (leste)- receberão até o ano que vem mais de cem novas salas cada um, segundo o plano de obras.
Na Grande São Paulo e interior do Estado, os problemas se concentram em Guarulhos, Itaquaquecetuba, Osasco, Mauá, Diadema, São Bernardo do Campo, Mogi das Cruzes, Sorocaba e Campinas -todas receberão mais de 50 novas salas de aula cada.
O governo afirma que há vagas para todos os alunos. Só que muitas vezes essas vagas não são próximas ao local desejado pela família.
"O problema das cidades médias e grandes é o crescimento desordenado, que acaba levando à ociosidade de escolas em alguns locais e à carência em outros", diz o presidente da Undime-SP (União de Dirigentes Municipais de Ensino), Oswaldo Fernandes.
Secretário da Educação de Jundiaí, Fernandes conta que em sua cidade foi construído um condomínio (Morada das Vinhas) com lugar para 2.600 famílias.
"São 10 mil pessoas que deixam outras regiões da cidade e necessitarão de novos equipamentos, como as escolas", afirma.
A secretária Neubauer negou que a demanda pelas escolas públicas -e a formação de filas em alguns locais- seja decorrente da procura de alunos que antes estudavam na rede particular.
"A rede particular de São Paulo atende apenas 10% dos alunos de 1º grau, e mesmo que haja um deslocamento para a rede pública, isso não provoca problemas".
Atualmente, no Estado de São Paulo, ocorre ainda outra "disputa". O governo estadual implanta, desde o ano passado, uma reforma no ensino chamada "reorganização das escolas" -que criou 3.000 colégios que só atendem da 1ª à 4ª série do 1º grau, quando antes atendiam até a 8ª série.
A idéia do governo é municipalizar em torno de 2.000 dessas escolas -daí a secretária afirmar que os municípios devem assumir sua parte. Mas a municipalização está dependendo da aprovação do "fundão" do Ministério da Educação (leia texto abaixo).

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