São Paulo, quarta-feira, 4 de dezembro de 1996
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Padre flagrado com garota pede demissão

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

O padre Edvar de Morais, 60, flagrado no último sábado em um motel de Maceió (AL) com a garota E.J.S., 14, pediu demissão ontem do cargo de reitor do Seminário Diocesano de Maceió, seguindo orientação do arcebispo da capital alagoana, dom Edivaldo Amaral.
O padre só responderá pelo crime de corrupção de menores caso a mãe da menina, a desempregada Maria Goretti Jorge da Silva, entre com representação contra ele.
O crime de corrupção de menores prevê pena de 1 a 4 anos de reclusão. Até o final da tarde de ontem a mãe da menina não havia sido encontrada pela reportagem, e nenhuma representação havia dado entrada na delegacia ou juizado de menores.
"Se em cinco dias a representação não for feita, a curadoria visitará a mãe para saber se está sendo ameaçada para não entrar com a ação ou só quer evitar escândalo", disse o curador da Infância e Adolescência de Maceió, Sérgio Jucá.
Segundo Jucá, esse tipo de crime contra os costumes dá à família da vítima o direito de processar ou não o acusado.
Por enquanto, o caso gerou apenas um punição administrativa para o Motel Acapulco, onde o fato ocorreu. Segundo Jucá, o motel levou multa de 30 salários mínimos por ter aceitado uma pessoa com menos de 18 anos.
O flagrante no padre foi dado por uma equipe de cinco comissários do juizado de menores de Maceió, que há um mês realiza blitze nos motéis, em ações de combate à prostituição infanto-juvenil.
Os comissários relataram na Delegacia da Criança, para onde o padre e a adolescente foram levados após o flagrante, que suspeitaram do casal do apartamento 103 do motel porque não foram enviados os documentos da mulher. O padre limitou-se a enviar sua carteira de identidade aos comissários.
Os comissários dizem que não viram indícios de que tivesse havido ato sexual entre o padre e a garota. Dizem que eles estavam no motel havia cerca de 30 minutos. Eles comiam um galeto e tomavam refrigerante na hora do flagrante.
Num primeiro momento, ainda segundo os comissários, a menina disse que tinha 17 anos, mas não soube dizer em que ano nascera.
Segundo o comissário Educardo Lobo, que chefiava a operação, em nenhum momento o padre se identificou como religioso. Só o fez quando estavam na delegacia, de onde o padre foi liberado já na madrugada de domingo.
"Não podemos abrir inquérito sem representação da família", afirmou a delegada da criança, Aureni Moreno. A delegada disse que a menina ficou na delegacia até a tarde de anteontem, submetendo-se a tratamento psicológico.
Ela não quis dizer por que liberou a garota sem comunicar à sua mãe o que havia acontecido. "Sentimos que ela já tinha condições de ir para casa", disse.
A Agência Folha tentou ontem à tarde falar com algum responsável pelo Motel Acapulco. Jane Lúcia, que se identificou como recepcionista, disse que nem o gerente nem o proprietário estavam, mas que eles não têm nada a declarar.

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