São Paulo, quarta-feira, 4 de dezembro de 1996
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Estados mudam para reduzir repetência

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Minas Gerais e oito dos nove Estados do Nordeste adotam, a partir de fevereiro de 1997, um novo modelo pedagógico para tentar diminuir o número de alunos reprovados nas escolas públicas de primeiro grau: o sistema modular.
Cerca de 130 escolas -a maioria localizada na zona rural- servirão de piloto para que a experiência possa ser estendida a outros municípios, a partir de 1998. Sergipe é o único Estado nordestino que não adotará o sistema em 1997.
No sistema modular, o currículo é dividido em blocos de conteúdo (módulos). As crianças só passam de um bloco para outro após dominar os conteúdos apresentados -cada uma em seu próprio ritmo.
Não há possibilidade de o aluno ter de repetir todo o conteúdo de um ano caso seja reprovado, como acontece no sistema tradicional.
Modelo colombiano
A experiência brasileira se baseará na Escola Nova da Colômbia, que adotou o sistema há 18 anos.
Segundo Vicky Colbert, uma das idealizadoras do projeto colombiano, ao perceber que o aluno está com dificuldades em um módulo, o professor tem mais facilidade de descobrir a origem do problema e sanar as falhas.
O sistema modular é ideal para escolas rurais, porque a maioria das classes é multisseriada (em que alunos de séries diferentes têm o mesmo professor).
Nessas escolas, os professores já estão acostumados a ensinar alunos que estão em níveis de aprendizado diferentes.
Há 51,4 mil escolas multisseriadas no Nordeste, que têm 1,2 milhão de alunos.
A implantação do sistema modular nos Estados nordestinos será custeada pelo Projeto Nordeste -acordo entre o Banco Mundial e o Ministério da Educação, que prevê o investimento de R$ 736 milhões em educação fundamental até 1998.
O projeto já confeccionou material didático (livros de português, matemática, estudos sociais e ciências) para as 130 escolas que adotarão o sistema modular.
Segundo Vicky Colbert, a repetência e a evasão caíram muito desde que o país adotou o sistema.
A evasão no sistema modular também é menor do que no tradicional, porque os alunos podem interromper o aprendizado e depois retomar do ponto em que pararam. Isso facilita a vida das crianças que são obrigadas a interromper os estudos para ajudar os pais na colheita.
Levantamento feito pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) constatou que a evasão nas escolas que adotaram o sistema modular na Colômbia é de 0,7%. Nas tradicionais, a evasão na 4ª série pula para 7,9%.

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