São Paulo, quarta-feira, 4 de dezembro de 1996
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Garoto foge após 2 anos de cativeiro

FÁBIO ZANINI

FÁBIO ZANINI; LUCIANA BENATTI
DA AGÊNCIA FOLHA, NO ABCD

Deivyson André da Silva escapou do cativeiro em uma chácara em São Bernardo do Campo

LUCIANA BENATTI
A polícia de São Bernardo (Grande São Paulo) prendeu na madrugada de ontem dois homens acusados de sequestrar o garoto Deivyson André da Silva, que completa hoje 13 anos, e mantê-lo como refém em uma chácara por durante mais de dois anos e seis meses.
Em 27 de maio de 1994, Deivyson foi levado pelo pintor Geovan Joaquim da Silva, 30, ao sair da escola, na zona sul de São Paulo.
O garoto foi conduzido por Geovan a uma casa de três cômodos em uma chácara no distrito de Riacho Grande, a cerca de 25 km do centro de São Bernardo.
"O local é isolado. O acesso só é possível utilizando uma balsa que cruza a represa Billings", disse Luís Vendrame, investigador do 3º Distrito Policial de São Bernardo.
Vendrame prendeu Geovan à 0h50 de ontem, na casa onde o garoto estava. Com ele estava Amarildo Batista Fernandes, 31, que a polícia acusa de ser cúmplice.
Para sustentar Deivyson, Geovan e Fernandes carpiam pequenas propriedades da região.
"Eles se revezavam na vigilância. Quando um saia, o outro ficava em casa. Se os dois precisassem sair, o garoto era amarrado com cordas", disse Vendrame.
Deivyson fugiu no último domingo à noite, quando disse a Fernandes, que o vigiava, que ia se encontrar com um amigo de uma chácara vizinha.
"O garoto contou que se aproveitou de uma bebedeira de Amarildo e escapou. Ontem (anteontem), ele foi até a vila e telefonou para o antigo local de trabalho da mãe, cujo número sabia de cor. Lá, informaram a ele onde a mãe trabalhava", disse o investigador.
Deivyson encontrou a mãe, a ajudante de cozinha Maria José Bezerra, 30, apenas no final da tarde.
"Seguimos para o local de onde ele havia telefonado. Após encontrarmos o garoto, fomos ao local do cativeiro, onde prendemos os sequestradores", disse o investigador. Os dois acusados estão presos na cadeia pública de São Bernardo.
O pintor José Maria da Silva, 34, pai do garoto, disse conhecer Geovan desde criança, quando moravam em Itabaiana, na Paraíba.
José Maria, que é separado da mãe do garoto, conta que Deivyson e seu irmão Deimylson, 9, costumavam passar um fim-de-semana com o pai e outro com a mãe.
Segundo ele, um mês antes do sequestro, em um churrasco na pensão onde morava, Geovan teria batido em Deimylson porque ele não queria comprar balas.
Por esse motivo, ele afirma ter brigado com Geovan. Ele diz que Geovan teria ficado com raiva e, como vingança, teria sequestrado o garoto Deivyson.

Hoje excepcionalmente, a coluna de Barbara Gancia deixa de ser publicada

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