São Paulo, quarta-feira, 4 de dezembro de 1996
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Governo vai propor órgão regulador

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA REPORTAGEM LOCAL

O governo vai encaminhar ao Congresso, nos próximos dias, um projeto de lei propondo a criação da Agência Brasileira de Telecomunicações, que irá absorver as principais atividades do Ministério das Comunicações. Ela funcionará como uma autarquia vinculada ao Ministério das Comunicações.
A estrutura do novo órgão se assemelha à da FCC (Federal Communications Comission) norte-americana, exceto pelo fato de que ela será subordinada ao Ministério das Comunicações. Nos EUA, a FCC é o próprio ministério.
A agência terá autonomia para contratar pessoal próprio e funcionará em Brasília. A estrutura máxima de poder dentro do novo órgão será o Conselho Diretor, composto por cinco membros.
Os membros do Conselho Diretor serão indicados pelo Presidente da República e submetidos ao Senado. Os mandatos do primeiros representantes serão de três, quatro, cinco, seis e sete anos.
Além do Conselho Diretor, a agência terá um Conselho Consultivo, Procuradoria, Corregedoria e um ouvidor.
O Conselho Consultivo será formado por representantes indicados pelo Senado, pela Câmara dos Deputados e pelo Poder Executivo.
O ouvidor também será nomeado pelo Presidente da República e terá mandato de dois anos, renovável apenas uma vez.
A Agência terá autonomia, por exemplo, para fixar e controlar tarifas dos serviços públicos de telecomunicação (como telefonia), assinar contratos de concessão e para representar o país junto aos organismos internacionais.
O projeto da lei geral das telecomunicações vazou ontem e a o texto foi divulgado pelo serviço de tempo real da Agência Estado.
O Ministério das Comunicações informou que, além do próprio ministro Sérgio Motta e sua equipe, estiveram nas últimas semanas com o texto os ministros Pedro Malan (Fazenda), Antonio Kandir (Planejamento) e Clóvis Carvalho (Casa Civil).
Além dessas autoridades, o projeto esteve com o secretário-geral da Presidência da República, Eduardo Jorge Caldas, e com o advogado-geral da União, Geraldo Quintão.
Compromisso
A assessoria de imprensa de Motta disse que o ministro não iria fazer comentários sobre o fato. Havia um comprometimento entre Motta e o grupo de ministros de que o texto ficaria sob sigilo até que fosse enviado ao Congresso.
Os parlamentares cotados para assumir a relatoria do projeto na Comissão de Ciência e Tecnologia negam ter obtido o projeto com antecedência. No sábado, Motta relatou as linhas gerais do seu conteúdo aos líderes que apóiam o governo.
"Isso foi um 'balão de ensaio' do próprio ministério para testar as reações do mercado", disse o deputado Arolde de Oliveira (PFL-RJ).
"De repente, o próprio ministro soltou o projeto para testar o mercado", disse o deputado Paulo Cordeiro (PTB-PR), que não vê problema no vazamento. "Só no caso de ter havido quebra de confiança", acentuou, convicto de que o vazamento foi proposital.
O deputado Paulo Cordeiro (PTB-PR) disse que foi comunicado ontem pelo líder do PFL, deputado Inocêncio Oliveira (PE), que será o relator do projeto.

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