São Paulo, quarta-feira, 4 de dezembro de 1996 |
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'Menino' é um esquecido
INÁCIO ARAUJO
Losey foi acusado pelo Comitê de Atividades Antiamericanas do Senado -principal instrumento da "caça às bruxas"- e, com a carreira inviabilizada em Hollywood (exceto na hipótese de se tornar delator), partiu para a Inglaterra, onde realizou o essencial de sua obra. A história diz respeito a um menino cujos cabelos começam a se tornar verdes. Isso determina o surgimento de uma série de sentimentos em relação ao garoto. Há curiosidade e inveja, mas há, sobretudo, hostilidade e a maneira como o garoto se libera dela. O filme já foi visto como fábula anti-racista. Ou como estímulo à resistência contra a "caça às bruxas". Depois se tornou um esquecido, em parte por estar superada a situação política da época. Talvez hoje "O Menino dos Cabelos Verdes" possa ser visto de outra forma: o garoto de Losey é a diferença, o outro, tudo aquilo cuja existência nos recusamos a aceitar. Significado à parte, o filme tem uma classe e uma angústia muito reais. Talvez não se goste, mas ninguém dirá que é vulgar. (IA) Texto Anterior: CLIPE Próximo Texto: "Tempo doido" nos afasta do Primeiro Mundo Índice |
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