São Paulo, quarta-feira, 4 de dezembro de 1996
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Lancaster defende o suingue do blues

EDSON FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ainda sem um sotaque próprio, o blues brasileiro já desenvolve ramificações. Para defender o lado mais orquestral e suingado do estilo, o guitarrista mineiro Lancaster se apresenta hoje no Blue Night.
Com seu primeiro CD ("Working Like a Slave") debaixo do braço, ele vai mostrar um repertório de clássicos blueseiros mesclados com composições próprias.
Tudo remete ao estilo de Albert Collins e Ronnie Earl, ou seja, o bloco sonoro vale mais do que a performance individual.
Lancaster tem uma tarefa dificílima hoje. Diferentemente do seu disco, ele não vai contar com naipe de metais ou cantoras de fundo.
Vai ter de compensar o lado orquestral com uma banda de apenas cinco músicos.
A formação musical de Lancaster dá uma dica de como ele resolverá a equação. Apesar de guitarrista, ele admira e procura assimilar a sonoridade dos saxofonistas.
Em seu disco, ele procura o registro dos instrumentos de sopro nos acordes e concepções rítmicas.
Há duas maneiras de chegar a esse tipo de abordagem musical. Ou o sujeito é dono de uma intuição monstruosa e de um ouvido perfeito, ou terá de amargar alguns anos em bancos de conservatórios.
Por não contar com os atributos da primeira hipótese, Lancaster ficou com a segunda.
Nascido em Belo Horizonte há 32 anos, ele mudou-se para São José dos Campos (SP) quando tinha um mês. Foi iniciado por um tio nos discos de rock progressivo de bandas como Genesis e Yes.
Houve o inevitável flerte com a música "disco". O pai de Lancaster era fanático pelo som das big bands jazzísticas dos anos 20 e 30.
A primeira vez
Lancaster pegou um violão pela primeira vez aos 16 anos. O resultado? Frustração. Ele não conseguia copiar o virtuosismo de Steve Howe (guitarrista do Yes).
Não era fácil conseguir informação e outros músicos para montar uma banda em São José. Mas Lancaster, aos 19 anos, comprou uma guitarra, juntou uns amigos e montou o grupo Plástico.
Chegou um momento em que as mãos do guitarrista não conseguiam traduzir suas idéias.
Passou então a frequentar escolas paulistanas. Quando a coisa ficou mais séria, decidiu vender um estúdio, alugar uma casa, pegar a mulher e ir para Los Angeles, onde passou um ano estudando blues no Guitar Institute of Technology.

Show: Lancaster Blue Band
Onde: Blue Night Jazz Bar (av. São Gabriel, 558, Jardim Paulista, tel. 884-9356)
Quando: hoje, às 22h
Preços: R$ 8 (couvert) e R$ 10 (consumação mínima)

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