São Paulo, quarta-feira, 4 de dezembro de 1996 |
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Patrimônio é contra torres de Niemeyer
FERNANDO GODINHO
"O conjunto formado pelos dois blocos constitui uma grande barreira horizontal, cuja monumentalidade interfere demasiadamente na paisagem urbana do entorno da praça dos Três Poderes", afirma o relatório técnico do Depha, obtido pela Folha. As duas torres projetadas por Niemeyer medem 38 metros e 48 metros de altura cada. De acordo com o projeto, elas serão erguidas no Setor de Administração Federal Sul, atrás da praça. "O Setor de Administração Federal não poderá apresentar um caráter monumental que vá competir com a praça dos Três Poderes", acrescenta o Depha, referindo-se ao local reservado para a construção das torres. A praça dos Três Poderes, um dos principais pontos turísticos da capital federal, foi idealizada pelo urbanista Lúcio Costa. Ele e Oscar Niemeyer -os criadores de Brasília- não se entendem sobre as duas torres. Lúcio Costa considera o projeto "uma brutalidade", pois avalia que ele irá interferir demasiadamente no conjunto arquitetônico do local. Já o arquiteto Oscar Niemeyer acha o problema "improcedente". A praça fica atrás da Esplanada dos Ministérios. Com exceção do prédio do Congresso, que tem cem metros de altura, os demais edifícios da Esplanada têm até 17 metros de altura. O Depha considera que as nova sede da Procuradoria Geral da República vai concorrer visualmente com a praça. Por isso, conclui pela "inadequação do projeto". Os custos para a construção das duas torres estão estimados em cerca de R$ 50 milhões. Documentos O parecer final do Depha contra o projeto de Niemeyer foi expedido no último dia 20 de novembro. Em agosto, o departamento chegou a concordar com a construção das duas torres. Mas, em outubro, a comissão técnica do Depha descobriu que não havia recebido todos os documentos referentes ao projeto -simulações e fotos da maquete do conjunto. Esses papéis foram requisitados, e o Depha alterou seu parecer inicial. Texto Anterior: 'Pianistas tocam mais hoje', diz Nelson Freire Próximo Texto: Entenda o caso da sede Índice |
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