São Paulo, quinta-feira, 5 de dezembro de 1996
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Maluf acusa Planalto de comprar voto pró-reeleição

LUCIO VAZ
DANIEL BRAMATTI

LUCIO VAZ; DANIEL BRAMATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

'Congresso não é balcão de negócios', diz prefeito em convenção do PPB

O prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, colocou em prática ontem, na Convenção Nacional do PPB, a estratégia de tentar desgastar o Palácio do Planalto, acusando-o de suposta compra de votos para aprovar a reeleição.
A convenção aprovou moção da Executiva Nacional do partido recomendando o apoio à reeleição dos futuros ocupantes de cargos executivos, e não dos atuais.
"É uma cooptação que não fica bem para o governo. Só existe corrupção quando há um corruptor", afirmou o prefeito. "Isso é o Congresso, não é a rua 25 de Março (rua de comércio em São Paulo), não é balcão de negócios."
O prefeito comparou a atual situação ao processo de aprovação do mandato de cinco anos para o presidente José Sarney (1985-90) no Congresso constituinte de 88.
"Não posso acreditar que se volte a 1988, quando se diz que Sarney comprou o mandato de cinco anos em troca de concessões de rádio."
O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, afirmou que o presidente Fernando Henrique Cardoso não fez comentários sobre as declarações de Maluf.
Para o prefeito, a lista de 31 pepebistas favoráveis à reeleição, que o Planalto diz ter, é "falsa" e consiste num "ato aético".
Ontem, os deputados Wigberto Tartuce (DF), João Mendes (RJ), José Teles (SE) e Moacir Andrade (AL) -citados na lista- afirmaram que estão com Maluf.
O prefeito chorou ao reafirmar sua fidelidade ao partido. "Nunca traí meu partido, nunca vendi meu tempo de TV, nunca troquei de camisa. Não sou mercenário. Ganhei e perdi dentro do partido."
Maluf disse que chorou "de emoção e orgulho". "Acordo e vejo nos jornais que os deputados do PPB estão sendo tratados como se vendessem votos. Isso não vai acontecer", afirmou. "O Planalto quer lançar suas mãos espúrias sobre os nossos parlamentares. Não somos mercadoria."
O dissidente de maior destaque, o ministro Francisco Dornelles (Indústria e Comércio) afirmou que "os discursos foram bonitos, mas, na hora de votar, cada um vota com a sua consciência". Para ele, "houve consenso, mas foi respeitado o dissenso. Recomendação não é obrigação."

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