São Paulo, quinta-feira, 5 de dezembro de 1996 |
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Acusados de chacina podem ser absolvidos
SERGIO TORRES
O julgamento promete ter como principal característica a desmoralização dos reconhecimentos feitos pelos menores nos dias seguintes à matança. O tenente Marcelo Ferreira Cortes, o soldado Cláudio Luiz Andrade dos Santos e o civil Jurandir Gomes de França ficaram presos dois anos e nove meses por causa das acusações dos sobreviventes. Hoje, nem os promotores acreditam na culpa dos três. Baseada nos reconhecimentos, a promotoria conseguiu, após a chacina, a decretação judicial das prisões. A chacina de oito menores de rua ocorreu na madrugada de 23 de julho de 1993, perto da igreja da Candelária e do MAM (Museu de Arte Moderna), no centro do Rio. Um grupo de homens armados atacou a tiros cerca de 50 meninos e meninas que dormiam. Também foram baleados mais três jovens -capturados no centro e abandonados no estacionamento do MAM-, entre eles, Wagner dos Santos, hoje refugiado na Suíça. Santos sobreviveu aos tiros e acusou o tenente Cortes. O soldado Santos e o serralheiro foram apontados pelos menores como membros do grupo que atirou contra os menores na Candelária. O soldado Marcos Vinícius Emmanuel também foi reconhecido, sendo preso em seguida. O caso começou a mudar em abril, quando o ex-PM Nélson Cunha confessou sua participação. Ele inocentou Cortes, Santos e França e incriminou Emmanuel. Emmanuel confessou e foi condenado a 89 anos de prisão. Outro envolvido, o PM Marcos Aurélio Alcântara, também confessou, sendo condenado a 261 anos. As confissões permitiram a libertação dos acusados, conforme pedido da própria promotoria do 2º Tribunal do Rio. O tenente e o soldado voltaram a trabalhar. Eles estão lotados na policlínica da PM, em Madureira (zona norte). O serralheiro não conseguiu emprego desde que saiu da cadeia. Para se sustentar, França tem realizado pequenos biscates. O julgamento não terá a participação de Wagner dos Santos. Revoltado com o fato de promotores e jurados não terem levado em conta seus depoimentos, ele voltou esta semana para a Suíça. Texto Anterior: Vítimas se queixam de fim de policiamento Próximo Texto: Pai confessa ter batido na filha até a morte em SP Índice |
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