São Paulo, quinta-feira, 5 de dezembro de 1996
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Bamerindus deve ter crédito de R$ 6 bi

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central pode emprestar o equivalente a R$ 6 bilhões ao Bamerindus para que o banco possa se capitalizar e eliminar problemas de caixa no curto prazo.
Segundo a Folha apurou, o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, já está telefonando para senadores dos partidos da base governista (PMDB, PSDB, PFL, PTB e PPB) na busca de apoio político para o acordo entre BC e o Bamerindus.
O controlador do Bamerindus, senador José Eduardo de Andrade Vieira (PTB-PR), deve ficar com apenas 5% das ações preferenciais, ou seja, sem direito a voto. Ele tentou negociar com o BC um volume maior de ações, mas não conseguiu.
Grupo de executivos
Em seguida, esse consórcio se encarregaria vender as ações do Bamerindus no mercado.
A diretoria do BC teme que a capitalização do Bamerindus implique um novo desgaste para o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Andrade Vieira foi ministro da Agricultura de FHC.
A Folha procurou ontem à tarde, por telefone, o presidente do BC, para comentar os relatos de senadores, mas até o fechamento desta edição não havia obtido resposta.
Modelo novo
O BC criará um projeto novo para o Bamerindus. Como não haverá fusão com outra instituição financeira, o banco não poderá lançar mão do Proer (programa do BC de estímulo à fusão de bancos).
Além disso, o governo não pretende fazer nenhum tipo de intervenção formal no Bamerindus. Pela legislação, isso faria com que o BC fosse obrigado a tornar os bens dos dirigentes do banco indisponíveis, além de abrir investigação sobre a atuação dos executivos.
Pelo acordo do BC com o Bamerindus, Andrade Vieira deixa o cargo de presidente da Fundação Bamerindus. Na prática, a fundação controla o banco.
O consórcio que administrará o Bamerindus será composto basicamente por especialistas em bancos e mercado financeiro.
Esse consórcio poderá contratar uma empresa para preparar a venda do Bamerindus por meio da oferta de ações na Bolsa.
O modelo se assemelha, em parte, ao adotado no acordo do Banespa. No caso do banco paulista, o grupo de executivos responsável pela administração será designado pelos governos federal e estadual.
Preferência
O Hong Kong and Shangai Banking Corporation, que detém 6,14% do capital do Bamerindus, é o candidato preferencial do Banco Central para assumir o controle do Bamerindus, após a capitalização e reforma na instituição.
Antes mesmo da venda do Bamerindus, o Hong Kong pode dar assessoria ao consórcio de especialistas que administrará o banco e ajustará seu patrimônio.

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