São Paulo, quinta-feira, 5 de dezembro de 1996
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Estrangeiros deixam US$ 312 mi na Bolsa

Corretores temem efeito da CPMF

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) não vem, os dólares continuam a pipocar no mercado acionário brasileiro.
Em novembro, os investidores estrangeiros aplicaram R$ 312,1 milhões líquidos na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). Eles responderam por 19,5% das compras e 17,4% das vendas.
As compras somaram R$ 2,9 bilhões, e as vendas, R$ 2,6 bilhões. No ano, o saldo líquido acumulado é de R$ 2,66 bilhões. Muitos desses dólares pertencem a investidores brasileiros e empresas locais com recursos no exterior.
Os corretores paulistas temem que as remessas sejam afetadas pela entrada da CPMF, em janeiro de 97. É que a alíquota do imposto, de 0,20%, representa cinco vezes a taxa média de corretagem.
Como os estrangeiros podem investir em papéis brasileiros nos EUA -por meio de recibos, chamados de ADRs-, muitos deixariam de fazer negócios no Brasil, passando a operar em Nova York.
Lá, o universo de papéis brasileiros é pequeno -cerca de três dezenas de ADRs-, mas inclui a Telebrás, dona de 60% da Bovespa.
Hoje, entre 30% e 40% dos negócios com ações da Telebrás são feitos no exterior, a custos menores. Na Bolsa de Nova York, os custos para os investidores são 15,4% mais baixos que na Bovespa. Como a liquidez (oferta de papéis e de investidores dispostos a negociá-los) é maior no Brasil, os estrangeiros arcam com a diferença.
Mas o novo imposto, acreditam os corretores, inviabilizaria as remessas de dólares.
Segundo cálculos que circulam no mercado local e em Brasília, com a CPMF a diferença de custos entre as duas praças subiria para 357,3%. Assim, para cada dólar gasto em corretagem e taxas de Bolsa nos EUA, seriam necessários outros US$ 3,57 para se fazer uma mesma operação no Brasil.
Para evitar tal desvantagem, os corretores estão defendendo a isenção dos estrangeiros no recolhimento da CPMF. Foi esse o tratamento adotado durante a vigência do antigo IPMF, em 1994.
Já fizeram coro com as Bolsas o diretor do Banco Central, Gustavo Franco (Assuntos Internacionais) e o ministro Francisco Dornelles.

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