São Paulo, quinta-feira, 5 de dezembro de 1996
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No planeta, 300 milhões arremessam

EDGARD ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Fiba (Federação Internacional de Basquete) calcula que haja cerca de 300 milhões de jogadores da modalidade no mundo, um terço deles na China.
Neste ano em que o profissionalismo no basquete comemora seu centenário, a entidade não faz distinção entre profissionalismo e amadorismo.
A Fiba, responsável pelas mais importantes competições internacionais -Mundial e Olimpíada-, até retirou a expressão "amador" da sua denominação, embora a letra A permaneça na sigla.
A entidade foi fundada por oito países em 18 de junho de 1932 em Genebra, Suíça. Conta atualmente com 201 países filiados e sua sede é em Munique, Alemanha.
Nesse tempo, teve apenas dois secretários-gerais, William Jones (de 1932 a 76), da Grã-Bretanha, e o iugoslavo Borislav Stankovic, 71, no cargo até hoje.
Nesta entrevista, Stankovic fala sobre o mundo da Fiba.
*
Folha - A Fiba tem uma estimativa do número de jogadores de basquete em todo o mundo? E os países com maior incidência?
Boris Stankovic - Há entre 250 e 300 milhões de jogadores no mundo, dos quais um terço mulheres.
Sem dúvida, o país com mais praticantes em atividade é a China, que tem uma população enorme.
Estima-se que somente na China exista em torno de 100 milhões de jogadores de basquete.
Folha - Dos 201 países-membros da Fiba, quantos adotam o sistema do profissionalismo?
Stankovic - Antes, é preciso explicar que a Fiba em suas regras não faz distinção entre profissionalismo e amadorismo. Simplesmente temos jogadores de basquete. E cada Federação Nacional é livre para se organizar como considera oportuno.
É evidente que a decisão da Fiba de abrir as portas a todos os jogadores do mundo foi baseada no fato de que existia uma situação de total hipocrisia: os jogadores eram pagos, porém, não figuravam como profissionais. Temos tentado evitar isso e, desse modo, não fazemos distinção entre jogadores profissionais e amadores.
Folha - Como a Fiba vê o interesse pela profissionalização? É ou não uma boa política?
Stankovic - A Fiba, como demonstra nossos estatutos, está de acordo com essa política. Repito que a questão não é falar de profissionalização. Tratamos de abrir as portas a todos os jogadores.
Não vejo onde existem esses amadores, exceto nos colégios para jovens com 15 ou 16 anos. Porque em todos os países onde existe um certo nível os jogadores são pagos, de uma maneira ou outra.
Folha - No caso da Itália, Espanha ou Grécia, por exemplo, a Fiba tem apenas vínculo com a federação local ou também com as organizações profissionais desses países?
Stankovic - A Fiba é uma federação internacional na qual os membros são as federações nacionais. Portanto, nossas relações estão circunscritas unicamente às federações nacionais. As diferentes ligas que existem em alguns países são, por sua vez, membros de suas federações nacionais.
Folha - Houve algum avanço recente na relação Fiba-NBA?
Stankovic - Nossas relações são muito abertas e cordiais.
Com a NBA temos um acordo segundo o qual cada ano há uma competição internacional com participação de jogadores da NBA.
Existem o McDonald's Championship, que é disputado a cada dois anos, o Campeonato Mundial, ao qual a NBA envia suas equipes para representar os EUA, e o mesmo ocorre nas Olimpíadas.
Folha - A experiência olímpica (Barcelona e Atlanta) foi positiva?
Stankovic - Absolutamente. Muito positiva. Depois dos Jogos de Barcelona tivemos um verdadeiro novo "boom" (crescimento) do basquete em todo o mundo e a posição do basquete e da Fiba na hierarquia mundial do desporte melhorou ostensivamente.
Quanto aos Jogos de Atlanta, a experiência foi mais que positiva já que houve mais de um milhão de torcedores que assistiram aos torneios feminino e masculino, o que representa um grande êxito.
Folha - Qual é a fonte de recursos da Fiba e a quantidade de dinheiro que dispõe anualmente?
Stankovic - Não dispomos de uma proposta anual. Nossa proposta se baseia nas entradas ao largo de quatro anos e nos contratos de televisão e de marketing das nossas competições principais.
Desse dinheiro, que recebemos por meio de nossos contratos de televisão e marketing, 30% ficam com a Fiba para financiar nossa administração interna e os 70% restantes são repartidos entre os comitês organizadores e os participantes das diversas competições.
Folha - Em qual dos países houve um desenvolvimento mais significativo do basquete? Por quê?
Stankovic - Nos últimos tempos, na Europa, os países que experimentaram enorme desenvolvimento foram Grécia e Turquia. No resto do mundo há muitos países que começam a se mexer.
Refiro-me, por exemplo, aos países da América do Sul, que se encontram em boa via ao criar a Liga Sul-Americana de Clubes.
Para o aumento da popularidade do basquete em um país, tem de haver coincidência de dois aspectos. Por um lado, estão as competições internacionais de clubes que atraem a atenção dos torcedores, dos patrocinadores e da TV. Por outro, tem que produzir bons resultados com as equipes nacionais.
Um fator tem que ir emparelhado ou ligado a outro para que se produza um "boom" em um país.

AMANHÃ - O basquete vive o seu apogeu, sexta e última reportagem da série sobre os cem anos do profissionalismo na modalidade

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