São Paulo, sexta-feira, 6 de dezembro de 1996 |
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Garoto pode ter sofrido extração de órgãos
CRISTINA RIGITANO
Segundo a polícia, esse seria um indício do envolvimento da mulher com tráfico de órgãos de crianças. Lucas contou que a mãe dizia que ele "tem o espírito fraco e morrerá aos 17 anos". Lucas é um dos 13 menores que seriam adotados ilegalmente por Eneida Magalhães. Ela foi presa na semana passada, em sua casa, em Jacarepaguá (zona oeste do Rio), com 34 certidões de nascimento. O rapaz e a mãe afirmam que ele era cardíaco e passou por uma cirurgia espiritual. A operação teria sido feita pela entidade conhecida como doutor Fritz. A polícia desconfia da versão, pois a operação ocorreu num hospital de Recife e a entidade não costuma operar em centros médicos. Segundo os policiais, o tamanho do corte também gera suspeitas, pois, em cirurgias espirituais, os cortes são pequenos. O pós-operatório de Lucas foi feito no hospital Universitário Gama Filho, no Rio. Hoje, o adolescente fará novos exames. "Eu não sabia da suspeita de tráfico de órgãos. Isso é um absurdo. Ele era cardíaco. Fez duas cirurgias. Uma espiritual e outra médica", disse o advogado de Eneida Magalhães, Vicente Moreira. O advogado comunicou ontem à DPCA (Divisão de Proteção à Criança e ao Adolescente) -órgão que investiga o caso- que vai entregar ao Juizado de Menores três das 21 crianças desaparecidas -Lotam, Líliam e Lorena-, que estariam com os pais verdadeiros. Os três foram reconhecidas como irmãos pelos 13 menores e por vizinhos da parapsicóloga, em Bom Jardim de Minas (MG). Ontem, a irmã de Eneida Magalhães, Luciana, foi reinterrogada na DPCA, pois no primeiro depoimento ela havia negado a existência das crianças e, mais tarde, admitiu em entrevista que elas estavam com seus pais verdadeiros. A polícia identificou duas pessoas que assinaram como testemunhas o registro de nascimento dos quadrigêmeos da parapsicóloga -Leonam, Larissa, Leonardo e Lorena. Dos quatro, só Leonam e Leonardo foram encontrados. Segundo a polícia, uma das testemunhas teria cometido dois homicídios. A outra teria passagem na polícia por uso de drogas. Na casa de Eneida Magalhães, a polícia encontrou o registro de nascimento do filho da empregada doméstica Maria José dos Santos Silva, 30. A doméstica negou que conhecesse a parapsicóloga. Segundo ela, a criança estaria em um orfanato, em Nova Iguaçu (Baixada Fluminense). Texto Anterior: Acusados de sequestrar garoto são soltos Próximo Texto: Meninas simulam o próprio sequestro Índice |
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