São Paulo, sexta-feira, 6 de dezembro de 1996
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USP rejeita cultura obrigatória em cursos

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Conselho de Cultura da USP rejeitou ontem a proposta de tornar obrigatórias para todos os cursos disciplinas como filosofia, literatura e cinema com o objetivo de oferecer mais cultura aos alunos da universidade.
Em lugar dessa proposta, formulada pelo professor José Teixeira Coelho Netto a partir de pesquisa sobre as práticas culturais dos alunos (leia texto ao lado), há a intenção de que tais disciplinas ganhem mais espaço nos cursos de graduação, mas ainda continuem sendo apenas optativas.
"A discussão de implantar essas disciplinas como obrigatórias nos levaria para outra discussão, que é de ter um primeiro ano comum para todas as carreiras. Isso implica mudança não só na universidade, como também no vestibular e nos colégios. Acreditamos que essa proposta é desejável, mas tomamos uma visão mais pragmática", afirmou o pró-reitor de Extensão e Cultura, Jacques Marcovitch.
Mesmo assim, a abertura de espaço para filosofia e história como disciplinas optativas ainda precisa de aprovação da pró-reitoria de Graduação e do Conselho Universitário para se tornar realidade.
"É algo que pode ser considerado de longo prazo", disse o pró-reitor.
Em reunião que durou cerca de duas horas e meia, o Conselho propôs ainda mais duas medidas para mudar a maneira pela qual a universidade influencia a formação cultural de seus alunos.
A primeira e mais imediata delas é a instituição de uma "Semana de Cultura", marcada para setembro de 97, que visa fazer com que os alunos utilizem melhor os espaços culturais do campus, como os museus, corais, orquestra etc.
O segundo ponto é a estruturação de vários cursos de extensão universitária para os alunos de graduação com ênfase em temas ligados a literatura, cinema, música, história e filosofia.
A criação desses cursos, de "aprimoramento", segundo Marcovitch, e já aprovada pelo conselho, começa a ser planejada em março de 97 e deve estar implementada no início de 98.
Formado por cerca de 40 pessoas, o Conselho de Cultura reúne um representante de cada uma das 33 unidades da USP, dos museus, dos alunos e da reitoria.
Universidade corporativa
A pesquisa, realizada pelo Observatório de Políticas Culturais, mostrou que os alunos da USP saem da universidade menos interessados em práticas culturais do que quando entraram.
"No passado, a universidade era cultural. Hoje, temos cada vez mais uma universidade corporativa, que vê os alunos como clientes. A universidade produz informação, o que é bom, mas também tem que fazer o aluno utilizar a informação criativamente", afirmou o professor Teixeira.

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