São Paulo, sexta-feira, 6 de dezembro de 1996
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Festival apresenta dois novos autores

DANIELA ROCHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Apenas dois espetáculos dos nove concorrentes do 6º Festival de Teatro Universitário da USP são de autoria de novos dramaturgos.
Cássio Pires de Freitas, 20, e Antônio Rogério Toscano, 24, são os únicos dois novos autores que coincidentemente apresentarão suas peças no mesmo dia, 10 de dezembro, terça-feira.
Primeiro, Freitas mostrará "Vaso Ruim Não Quebra ou A Memória Num Disco Velho de Vinil", às 19h. Às 21h entra em cena Toscano, com seu "Revólver - O Novo Testamento Segundo a Morfina".
Em comum, ambos contam em exatos 45 minutos uma história contemporânea e com componentes de alucinação. Ambos também dirigem seus espetáculos e sonham em colocar suas montagens em cartaz em São Paulo.
Memória e crime
"Vaso Ruim Não Quebra - A Memória Num Disco Velho de Vinil" é o terceiro texto de uma trilogia do assassinato de Cássio Freitas. "Trata da memória, do crime recordado sob o ponto de vista do assassino", afirma.
A peça se passa na memória de Susana, que arquiteta com seu marido, Alaor, a morte de Eugênio, casado com a amiga Joice.
"Eles combinam fazer uma festa em que Eugênio chegaria antes de Joice. Alaor, Susana e Eugênio saem para comprar bebidas. Mostramos o assassinato de Eugênio de forma sugerida", conta Freitas.
Aluno de Letras da USP, Cássio Freitas já recebeu dois prêmios como autor de teatro pelo Projeto Nascente, que busca revelar novos talentos na USP.
Jesus e Madalena
Um guitarrista toca composições de Lou Reed enquanto, no palco, é realizado o encontro contemporâneo de Jesus e Madalena.
"Revólver - O Novo Testamento Segundo a Morfina", de Antônio Rogério Toscano, traz um Jesus homossexual, viciado em heroína e morfina, e uma Madalena falsa prostituta -"Ela almejava ser uma prostituta para se divertir", conta Toscano.
No enredo, eles se casam durante uma das alucinações de Jesus. Como não conseguem ter filhos, raptam crianças. Percebem, então, que as criancinhas os aproximam e resolvem matá-las.
Toscano é aluno do último ano de Artes Cênicas no Instituto de Artes da Unicamp e já coleciona prêmios. Em 96 foi vencedor na categoria melhor texto nos festivais de Penápolis, Jundiaí, Universitário de Blumenau e Bragança Paulista.
"Revólver" é resultado de uma pesquisa sobre linguagem contemporânea no teatro. "A lógica do texto se constrói não por narrativa linear, mas como encenação", afirma ele.

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