São Paulo, sábado, 7 de dezembro de 1996
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Para Sarney, petebista deve ser cassado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP), afirmou ontem que o líder do PTB na Câmara, deputado Pedrinho Abrão (GO), deve ser punido com a cassação do mandato, se for comprovado seu envolvimento no novo escândalo do Orçamento.
"Esse é um caso típico de falta de decoro parlamentar. Se a denúncia for procedente, acho que a Câmara deve tomar as providências regimentais previstas", disse Sarney.
Questionado se considerava que é caso de cassação, o senador respondeu afirmativamente. "Aqui, não estamos para brincar."
Além da defesa do Congresso, o senador tem razões pessoais para defender a punição de Abrão. Seu filho -o deputado Sarney Filho (PFL-MA)- é o presidente da Comissão Mista de Orçamento e tentou impedir que o líder do PTB assumisse qualquer relatoria setorial no Orçamento de 97.
A indicação de Abrão para a subrelatoria das emendas do Ministério do Meio Ambiente e Recursos Hídricos foi feita pelo líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE).
Ontem, Sarney defendeu a comissão. Disse que o episódio é diferente do escândalo do Orçamento apurado por uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) em 93 e 94, que propôs a cassação de 18 parlamentares (ao final, 6 foram cassados e 4 renunciaram antes da punição).
Segundo ele, "há uma impossibilidade sistêmica de acontecer o que aconteceu naquela ocasião", porque as práticas da comissão de Orçamento foram alteradas por uma resolução aprovada em 95.
"A resolução limitou em R$ 1,5 milhão o valor da emenda pessoal, apresentada por um parlamentar. E obrigou que as emendas coletivas fossem aprovadas por toda a bancada. A comissão institucionalmente mudou de 94 para cá."
Ele considera como sendo um "caso isolado de denúncia de extorsão" a acusação contra Abrão.
"Jesus Cristo veio à Terra pedindo para que ninguém pecasse. E até hoje tem gente pecando. O pecado está nas pessoas", afirmou.
Sarney cancelou a viagem que faria a Oslo (Noruega), para representar o presidente Fernando Henrique Cardoso na entrega do Prêmio Nobel da Paz de 96, no dia 11, a José Ramos Horta.

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