São Paulo, sábado, 7 de dezembro de 1996
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Reunião de cúpula discute a miséria

MARTA SALOMON
ENVIADA A SANTA CRUZ DE LA SIERRA

Mais um compromisso internacional pela redução da pobreza será assinado hoje pelo presidente Fernando Henrique Cardoso na Bolívia, junto com representantes de mais 33 países da América. O governo brasileiro computa 16 milhões de miseráveis no país.
Serão listados como desafios para os governantes do continente: garantir o consumo de água potável e de, no mínimo, 2.700 calorias por dia por habitante. O esboço da declaração final da Cúpula das Américas sobre o Desenvolvimento Sustentável não fixa prazo para que as metas sejam alcançadas.
São orientações gerais a serem levadas em conta em cada país do hemisfério nas suas políticas de desenvolvimento. O acompanhamento do trabalho ficará a cargo da OEA (Organização dos Estados Americanos).
A qualidade de vida das populações -combate à fome, geração de empregos e maior acesso aos serviços de saúde e educação- ganhou prioridade em relação à preservação do meio ambiente durante o debate prévio da declaração de Santa Cruz.
Assim, o princípio geral do desenvolvimento na América passou a ser a busca do crescimento econômico com igualdade social e proteção do meio ambiente, nessa ordem.
A principal contribuição do Brasil no documento foi o destaque dado ao que os diplomatas brasileiros chamam de "meio ambiente marrom" ou das cidades, onde vive 75% da população.
Cada governante sairá da reunião com uma lista de 65 iniciativas a serem adotadas em cada um dos países da América -um subproduto da "Agenda 21" produzida, quatro anos atrás, na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (a Eco-92).
Dever de casa
Uma das experiências brasileiras que mais atrai interesse dos países vizinhos na reunião é a retirada do chumbo da gasolina -proporcionada no país graças à adição do álcool à gasolina.
Mas um documento do Banco Mundial distribuído ontem na cúpula ainda aponta o Brasil, ao lado da Argentina e do México, como responsáveis pela emissão de 10,6% do gás carbônico produzido na região. EUA e Canadá são responsáveis por 84,4% da emissão.
Antônio Augusto Dayrell de Lima, do Itamaraty, disse que o Brasil "está fazendo bem o dever de casa", embora não haja avanços "bombásticos".
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o país é o recordista na América Latina na emissão de certificados ISO 14.00 (que atestam a gestão ambiental nas empresas).

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