São Paulo, sábado, 7 de dezembro de 1996
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PTB se isola, dizem aliados

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Aliados governistas consideram que, apesar do risco de atraso na emenda da reeleição, o Palácio do Planalto pode acabar sendo beneficiado pelo escândalo na Comissão Mista de Orçamento.
Eles avaliam que o episódio teria desgastado o PTB -que ameaçava se rebelar contra o governo para se aliar ao PPB do prefeito de São Paulo, Paulo Maluf,- e engessado o Orçamento da União, como pretendia o presidente Fernando Henrique Cardoso.
O líder do PTB na Câmara, Pedrinho Abrão (GO), foi acusado pelo diretor da Andrade Gutierrez Alfredo Moreira de pedir 4% de propina em troca da liberação de recursos para finalizar a construção da barragem do Castanhão, no Ceará.
Na avaliação de parlamentares ouvidos pela Folha, a acusação contra Abrão era o que faltava para isolar o PTB e evitar blocos considerados desastrosos para o governo, como a junção com o PPB. Atualmente, o PTB forma um bloco na Câmara com o PFL, o maior da Casa, com 125 deputados.
Outro ponto positivo para o governo seria a possibilidade de criação de constrangimentos a deputados dispostos a alterar a proposta de Orçamento enviada pelo Executivo.
Segundo o raciocínio governista, os deputados deixariam de pressionar por mais verbas. Um desentendimento já acontece na comissão em torno de mais verbas. O relator-geral, senador Carlos Bezerra (PMDB-MT), quer aumentar a receita em R$ 1,5 bilhão para obter mais recursos para emendas.
Ele afirma que o governo não incluiu na proposta orçamentária de 97 os gastos com as mudanças no IRPJ (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica) e com o FEF (Fundo de Estabilização Fiscal).
A Folha apurou que, em uma reunião cinco dias antes do encontro de Abrão e com Moreira, a comissão de Orçamento já havia decidido priorizar os recursos para cumprir o Plano de Metas -42 itens considerados fundamentais pelo governo. Entre eles, a barragem do Castanhão.

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