São Paulo, sábado, 7 de dezembro de 1996
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Tucano diz que também ouviu denúncia

DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado João Leão (PSDB-BA), integrante da Comissão Mista de Orçamento, confirmou ontem ter ouvido de Alfredo Moreira, diretor da Andrade Gutierrez em Brasília, a denúncia sobre o pedido de propina que teria sido feito pelo líder do PTB na Câmara, Pedrinho Abrão (GO).
A Andrade Gutierrez reuniu sua diretoria ontem no Rio e decidiu que só vai se pronunciar sobre o caso na terça-feira, quando Moreira depõe na comissão de sindicância da Câmara. A tendência da empresa é confirmar a denúncia.
Leão disse ter sido procurado pelo secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Paulo Romano, na sexta-feira, dia 29 de novembro.
Romano pediu sua presença no ministério, pois tinha "uma coisa importante" para contar.
Ao chegar no ministério, Leão se deparou também com Alfredo Moreira. Os três foram para uma sala e Romano repetiu a história que tinha acabado de ouvir.
Moreira lhe havia contado que tinha participado de uma reunião com os deputados Pedrinho Abrão (PTB-GO) e Pinheiro Landim (PMDB-CE), na qual o líder do PTB teria pedido 4% de propina para a liberação de R$ 42 milhões para finalizar a barragem do Castanhão, uma obra considerada prioritária pela bancada cearense.
"Fiquei abismado com a história e pedi para que eles me dessem um papel para que eu escrevesse uma ata e oficializasse a denúncia", afirmou Leão à Folha.
Nesse momento, Moreira teria recuado. De acordo com o relato do parlamentar, o diretor da empreiteira teria explicado que não gostaria de ver o caso transformado em um escândalo.
"Ele me disse que queria apenas garantir os recursos para as obras de interesse da Andrade Gutierrez que constavam no Plano de Metas do governo", disse o deputado.
Surpreso com a reação de Moreira, João Leão teria dito: "O que você quer, então? Você está fazendo uma denúncia grave, e eu tenho que ter a certeza de que você não vai desmentir depois".
Segundo ele, a ata não chegou a ser escrita, mas Moreira teria lhe dado a garantia de que iria manter suas acusações no caso de uma confrontação posterior.
Anteontem -quando estourou o escândalo-, o único parlamentar supostamente envolvido que permaneceu todo o dia na Câmara foi Pinheiro Landim.
Em entrevistas, ele negou ter participado da reunião e muito menos ter pedido ou ouvido Abrão pedir o dinheiro. Disse conhecer Alfredo Moreira, mas não encontrá-lo há muito tempo.
Pedrinho Abrão divulgou uma nota, na qual afirma que as denúncias são "graves e absurdas" e que nunca se reuniu com Moreira.

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