São Paulo, sábado, 7 de dezembro de 1996
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Testemunhas podem ficar frente a frente

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A comissão de sindicância da Câmara que investiga a denúncia contra o líder do PTB, deputado Pedrinho Abrão (PTB-GO), poderá promover acareações entre as testemunhas caso haja depoimentos contraditórios.
"Nada impede que os depoentes voltem a ser chamados, se houver necessidade", disse o deputado Ronaldo Perim (PMDB-MG), que preside a comissão.
Perim quer apresentar já na próxima quarta-feira um relatório conclusivo ao presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA). "Temos pressa, mas não deixaremos de ouvir ninguém", ressaltou Perim.
O deputado Hélio Bicudo (SP), representante do PT na comissão, disse que Abrão pode ser punido mesmo sem provas documentais.
"As provas testemunhais têm tanto valor quanto documentos", afirmou, em referência velada ao depoimento do ministro Gustavo Krause (Meio Ambiente e Recursos Hídricos), autor da denúncia contra Abrão, que não teria apresentado prova documental.
A comissão deve ouvir ainda Alfredo Moreira, diretor da empreiteira Andrade Gutierrez, a quem Abrão teria pedido propina, o deputado João Leão (PSDB-BA), que ouviu reclamações de Moreira, e o próprio acusado.
Ontem, o deputado José Borba (PTB-PR) disse que Abrão só vai prestar esclarecimentos sobre a denúncia na própria comissão. O líder petebista não foi localizado ontem pela reportagem.
Liderança do PTB
Um grupo de deputados do PTB, liderados pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), quer afastar Abrão da liderança do partido.
"Abrão deveria se licenciar do cargo de líder para não arrastar o PTB com ele. O partido já está sofrendo com as denúncias. Abrão tem de sofrer sozinho", disse o deputado. Jefferson integrou a chamada "tropa de choque" do ex-presidente Collor (1990-1992).
O deputado acusa o líder de ter cometido "um erro gravíssimo" ao se autonomear integrante da Comissão de Orçamento. "Avisamos que isso era muito perigoso. Hoje ele está pagando pelo erro."
Jefferson, adversário de Abrão desde que disputaram o cargo de líder, recusa-se a procurá-lo para sugerir o licenciamento do cargo.

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