São Paulo, sábado, 7 de dezembro de 1996
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Um jogo nivelado por cima do paraíso

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, não há dúvida de que a mais sublime das rivalidades futebolísticas entra hoje em campo para uma partida memorável.
Pelos menos, não faltam motivos. Real Madrid e Barcelona, com seus 22 jogadores calculados, pelos seguros, em US$ 300 milhões, são, pela própria natureza, dois gigantes de ataque, de linha de frente.
Os dois times usam uma rápida alternância de dois e três atacantes. A dupla brasileira do Barça, Ronaldinho e Giovanni, parece estar iluminada.
Nessa constelação, nivelada pelas alturas do céu, por extraordinário que possa parecer, Ronaldinho está fazendo a diferença. Aqui está, definitivamente, a grande arma do super-armado Barça.
Mas, nesse chão, ou melhor, nesse campo de estrelas, a dupla brasileira chega a parecer que pisa nos astros distraída. E aí entra a força da dupla balcânica do Real Madrid.
O montenegrino Pedraj Mijatovic e o croata Davor Suker, dois matadores de primeira, sem os altos do duo tropical, também não têm os baixos.
São mais constantes, mais concentrados nos 90 minutos do jogo. Já no terceiro homem, o Barcelona leva vantagem.
Apesar da grande fase do jovem hispânico Raul Gonzáles, o português Figo é, talvez, a grande força silenciosa do Barça. Joga pelas duas pontas, está sempre bem colocado, dribla e finaliza muito bem.
No meio-campo, a vantagem é recuperada pelo time da casa. Não só por conta do belo futebol de Redondo, mas sobretudo pela extrema mobilidade, pela leveza e pelos passes do holandês Clarence Seedorf.
As agências internacionais estão anunciando a presença de Amor no meio-campo barcelonista. Não é que eu tenha um desamor por ele, mas a experiência, a maior envergadura internacional e a garra do português Fernando Couto, ao lado do também experiente romeno Popescu, somariam mais para a zona central de jogo do time da Catalunha.
No miolo da zaga, Alkorta e Hierro têm jogado melhor do que Blanc e Nadal, embora, do ponto de vista técnico, sejam duplas equivalentes.
Talvez, o epicentro da defesa madrilenha esteja mais protegido pelo meio-campo do que o da defesa do Barça. Talvez.
Na ala direita, o Barça leva vantagem. O curinga espanhol Luiz Henrique, com saúde de vaca premiada, está sendo mais eficiente do que o português Secretário.
Na ala-esquerda, Roberto Carlos é Roberto Carlos, mas se tem um jogador que eu aprecio no Barcelona, desde os tempos do Johann Cruyff, é o Sergi. Excelente tocador de bola, com índices ótimos de assistências disparadas do flanco esquerdo do ataque azulgrano.
No gol, dois estrangeiros estreantes. O português Vítor Baía vem sendo saudado como o melhor goleiro europeu da atualidade, mas o alemão Ilgner é mais experiente.
O time do Barcelona é mais brilhante e tem um pouco mais de poder de fogo. O time do Real Madrid é mais equilibrado, horizontalmente melhor distribuído.
O italiano Fabio Capello está um grau acima do britânico Bobby Robson. Nos últimos jogos, o Real mostrou ser um time mais consistente. Mas Robson tem um mérito: abriu espaço para o Ronaldinho explodir e tem um banco melhor.

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