São Paulo, sábado, 7 de dezembro de 1996
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Major perde maioria no Parlamento

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo conservador do primeiro-ministro do Reino Unido, John Major, perdeu ontem a maioria no Parlamento. O deputado John Gorst se retirou do bloco governista.
O Partido Conservador conta agora com o apoio de 325 dos 651 membros do Parlamento. O Reino Unido teve um governo minoritário pela última vez em 1979.
Gorst tomou a decisão depois de ver frustradas suas tentativas de impedir o fechamento de um pronto-socorro em um hospital do distrito de Hendon, ao norte de Londres.
Ele afirmou que outro deputado do distrito também poderia abandonar o bloco governista.
Um porta-voz de Major disse que a saída do parlamentar do partido não significa que ele vá votar contra o governo.
Além disso, o primeiro-ministro ainda conta com o apoio de nove deputados da Irlanda do Norte.
Por causa disto, os trabalhistas não devem propor que o governo de Major seja submetido a um voto de confiança no Parlamento.
A situação do Partido Conservador, porém, deve se complicar na semana que vem, quando ocorre uma eleição parcial em um distrito dominado pelos trabalhistas.
Popularidade baixa
Apesar da queda do desemprego, crescimento econômico, controle inflacionário e redução de impostos, Major não tem conseguido reverter seus índices de popularidade, os mais baixos desde que chegou ao poder, em 1992.
Pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Gallup mostra que 59% da população apóia o Partido Trabalhista, de oposição, quatro pontos acima da pesquisa anterior.
O apoio aos conservadores, por sua vez, caiu seis pontos percentuais, e está em 22%. Major tem de convocar eleições até maio.
A principal crítica ao governo conservador tem sido a condução da política em relação à União Européia (UE).
Deputados do chamado bloco dos "eurocéticos" querem que o governo adie a decisão sobre a adesão do Reino Unido à unificação monetária do continente pelo menos por cinco anos.
A imprensa britânica noticiou confrontos entre o ministro das Finanças, Kenneth Clarke, e Major.
Clarke teria ameaçado deixar o governo caso haja qualquer modificação no sentido de distanciar ainda mais o Reino Unido da unificação monetária européia.
Deputados "eurocéticos" pediram a demissão de Clarke. Major disse ontem que o ministro tem seu total apoio.
Se a situação piorar, o primeiro-ministro britânico pode ser obrigado a convocar eleições antecipadamente.
O líder dos trabalhistas, Tony Blair, afirmou que "o governo está desintegrando-se diante de nossos olhos, vaga de uma crise à outra, está sem liderança ou direção". Segundo ele, se o premiê não consegue manter seu partido unido, não pode governar o país.

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