São Paulo, sábado, 7 de dezembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Oposição forma governo paralelo na Sérvia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O movimento de oposição ao governo socialista de Slobodan Milosevic anunciou a formação de um "governo paralelo democrático, disposto a substituir o presidente e a convocar novas eleições".
Mais de 100 mil pessoas comemoraram ontem em Belgrado, capital da Sérvia, as primeiras vitórias do movimento de protesto contra Milosevic.
Há 19 dias, milhares de manifestantes vêm exigindo que seja reconhecida a vitória da oposição na eleição de 17 de novembro.
O líder da oposição, Vuk Draskovic, disse aos manifestantes em Belgrado que o governo paralelo começará a funcionar se o presidente sérvio não reconhecer a vitória do Zajedno em 15 de 18 das principais cidades do país.
Zajedno é o nome da coalização oposicionista. Significa "unidos" em servo-croata.
"Não escondemos que nosso principal objetivo é tirar Milosevic do poder", disse Zoran Djindjic, outro líder do Zajedno.
"Mas queremos fazê-lo de um modo correto, numa disputa política limpa, e o primeiro passo para isso é o reconhecimento de nossa vitória nas eleições", afirmou.
Apesar do resultado das urnas, tribunais locais, influenciados pelo governo, decidiram que a votação foi irregular. Os socialistas chegaram a reconhecer a derrota.
Na quinta-feira, a Suprema Corte sérvia decidiu ouvir as reclamações do Zajedno.
O tribunal decide amanhã se haverá uma nova eleição em Belgrado ou se a vitória da oposição será reconhecida.
Também ontem renunciou o ministro da Informação, Aleksander Tijanic, que disse discordar da censura imposta à imprensa.
História
Milosevic foi eleito em 1990 presidente da Sérvia, então uma das repúblicas da Iugoslávia. Depois que o país foi desmembrado, foi proclamada uma nova República Federal da Iugoslávia, em 1992, composta apenas por Sérvia e Montenegro. A ONU não reconhece este novo nome.
Djindjic disse que os protestos "reavivaram a esperança no país" pela primeira vez desde 1991, quando Milosevic usou tanques e canhões de água para reprimir manifestações de rua.
Dessa vez, a revolta está tendo apoio declarado dos EUA e da Europa (leia texto ao lado). O governo deixou que a principal rádio independente do país, a B-92, voltasse a funcionar depois de protestos norte-americanos. A rádio havia sido fechada na quarta-feira por noticiar os protestos.

Texto Anterior: Colômbia desocupa região de conflito
Próximo Texto: General peruano deve ser libertado hoje; Jornalista mexicana é morta com a família; França investiga fundos de partido de Chirac
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.