São Paulo, sábado, 7 de dezembro de 1996
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Polícia vasculha casas de Di Pietro

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Cerca de 300 policiais vasculharam ontem casas e escritórios do ex-juiz Antonio Di Pietro, o mais famoso dos integrantes da ação anticorrupção Mãos Limpas.
A ordem de busca foi dada por juízes de Brescia (norte da Itália) que investigam, desde o mês passado, irregularidades na atuação de Di Pietro como juiz na mesma operação Mãos Limpas.
Os juízes de Brescia investigam denúncia de que ele teria recebido dinheiro de um empresário para não incluir seu nome nas investigações sobre corrupção.
O advogado de Di Pietro, Massimo Dinoia, disse que os agentes confiscaram vários documentos que estavam na casa de Di Pietro em Curno, cidade do norte da Itália, próxima a Milão.
"Sua única preocupação é a de que ele não consiga se defender porque os policiais apreenderam esses documentos", disse o parlamentar Elio Veltri, um amigo que falou com Di Pietro ontem.
Anti-Máfia
Rádios e TVs italianas disseram que a polícia conduziu cerca de 50 buscas, numa operação que lembrou as ações contra a Máfia. Sócios e advogados do ex-juiz também foram atingidos pelas buscas.
"É claro que esse tipo de operação deve ser apenas utilizado quando a polícia está lidando com grandes criminosos e não com um magistrado", disse o parlamentar Nando Della Chiesa.
No dia 6 de dezembro de 1994, Di Pietro deixou seu cargo na magistratura de Milão, onde atuava na Operação Mãos Limpas, logo depois de iniciadas investigações sobre o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi.
O ex-juiz nunca esclareceu as razões do abandono do cargo.
"Há exatos dois anos atrás, Di Pietro anunciava sua resignação e hoje temos essa agradável surpresinha", disse Dinoia.
A investigação da Justiça de Brescia, que começou no mês passado, fez com que Di Pietro abandonasse seu cargo de ministro das Obras Públicas, que havia assumido em maio no governo do primeiro-ministro Romano Prodi.
Na sua carta de renúncia, o ex-juiz diz que as acusações contra ele eram parte de uma vingança de criminosos que ele ajudou a desmascarar.
Popularidade
Di Pietro, 46, foi o investigador que mais se destacou na Operação Mãos Limpas, que a partir de 1992 iniciou uma série de investigações que atingiu muitos dos políticos que comandavam então a Itália.
Até hoje, pesquisas indicam o ex-policial como a pessoa mais popular do país.

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