São Paulo, domingo, 8 de dezembro de 1996 |
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Superestrada vai ligar Brasília à Internet
JUNIA NOGUEIRA DE SÁ
Se os prazos forem respeitados, até o final do próximo ano 53 mil domicílios de Brasília e arredores poderão estar recebendo, em alta velocidade, dados e imagens da rede mundial de computadores através de cabos de fibra ótica já instalados pela estatal. Teoricamente, a velocidade de transmissão nessa rede será de 2 Mbits (megabits) por segundo. Na prática, os dados poderão viajar pelos cabos muito mais depressa do que nas redes telefônicas em boas condições, mas é difícil conseguir um consenso sobre quanto essa velocidade aumentará. Há quem fale em dez vezes; há quem fale em 200. A própria Telebrasília não arrisca um valor porque, em uma primeira fase, o usuário estará recebendo os dados do provedor pela rede de cabos de fibra ótica, mas o retorno de sua casa até o mesmo provedor será feito pela rede telefônica. Retorno A francesa Alcatel, que instalou a rede de cabos, ainda não concluiu o chamado "retorno", ou seja, os dados só podem trafegar em mão única pela rede. A Telebrasília garante que o término da instalação do retorno acontece até junho de 97. O parceiro que a Telebrasília procura será escolhido por um critério que une menor preço para o cliente e maior participação da estatal na receita gerada pelo serviço. O investimento desse parceiro está estimado em US$ 8 milhões. A rede de cabos da Telebrasília foi concluída no início deste ano, a um custo declarado de US$ 10 milhões -cálculo considerado modesto por técnicos da área de telecomunicações. A instalação foi a primeira desse tipo no país e consumiu um ano e meio. No total, são 2.500 km de cabos de fibra ótica nas ruas e 100 km de cabos coaxiais, que entram na casa dos assinantes. O sistema usado é chamado FTTB (fiber-to-the-building), o que significa que o cabo de fibra ótica, que leva dados digitais, chega até quase a porta da casa do assinante. A partir daí, ele se conecta a um cabo coaxial. Software A expectativa da Telebrasília é que, em dois anos, 20 mil clientes estejam ligados a esse serviço. O provedor de acesso selecionado terá de fornecer, a cada um deles, as condições necessárias para a conexão com a Internet -da tomada coaxial por onde chegará o cabo à configuração do software (programa) do computador. A dificuldade está em um pequeno aparelho, o cable modem, que se encarregará de transformar os sinais digitais, recebidos via cabo, em dados que o computador pode ler. Até agora, não há cable modems no mercado. A previsão é que eles cheguem às lojas no ano que vem, nos EUA em primeiro lugar, a um custo alto: US$ 500 dólares em média. Um bom modem para linha telefônica custa hoje menos de US$ 200. Isso pode inviabilizar parte do projeto da superhighway de Brasília, e a estatal sabe. Tanto é que vai obrigar o provedor selecionado a instalar, na casa de cada cliente, o pacote completo, com cable modem incluído, e espera que ele possa diluir esse custo nas taxas de adesão e acesso cobradas. Texto Anterior: Governo deixou de lado o "fator China" Próximo Texto: Provedores vêem privilégio Índice |
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