São Paulo, domingo, 8 de dezembro de 1996
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Empresário relatou a viagem

DA SUCURSAL DO RIO

Uma denúncia do próprio Artur Falk teria detonado, segundo depoimento do empresário à Justiça, as investigações que resultaram no processo em que Sérgio de Paulo Pacheco foi condenado.
Falk depôs no processo que constatou, durante investigação de rotina do Banco Central na Interunion, em agosto de 1989, que havia em sua empresa muitos contratos de câmbio em nome da Sicpa. A firma tem como representante no Brasil o suíço Norbert Myuller, integrante do conselho administrativo da Interunion.
Depois, Falk precisou fazer um contato com a Sicpa e se surpreendeu ao saber que ela negava ter feito operações via Interunion.
Falk disse ter levado suas suspeitas a Arnim Lori, diretor do BC, que lhe contou que a autarquia já investigava fraudes cambiais, e pediu que contactasse o delegado regional do BC, Alberto Pais.
Pais lhe pediu que conseguisse da Sicpa uma declaração confirmando que não fizera as operações, o que foi feito. Em seguida, pediram-lhe que procurasse o então diretor-geral da PF, Romeu Tuma.
No encontro, os dois concluíram que poderiam avançar na investigação com a colaboração da Sicpa.
Foram para Nova York o próprio Falk, o então superintendente da PF no Rio, delegado Edson de Oliveira, e os funcionários do BC Maurício do Espírito Santo (da diretoria de Fiscalização) e Manoel Teixeira (da área de câmbio). Lá, em 20 de novembro de 1989, o grupo contactou um dos donos da Sicpa, Maurice Amon, que indicou uma assessora para acompanhá-los ao banco New England, por onde passariam as divisas.
Segundo Falk, eles se apresentaram dizendo que queriam abrir conta. Foram encaminhados a John O'Brien, vice-presidente, que os receberia após uma reunião.
Enquanto esperavam, Oliveira, a pretexto de telefonar, conseguiu entrar na sala do vice, acompanhado do empresário. Lá, de acordo com a versão, viram uma folha de papel com o nome de Pacheco e recortes de jornais brasileiros, com reportagens sobre as fraudes.
Quando o vice chegou, os brasileiros lhe exigiram explicações. O'Brien acabou dizendo que a conta, oficialmente da Sicpa, era de um grupo que teria comprado créditos de exportadoras.
Pressionado, relatou Falk, O'Brien mostrou um cartão com nome, endereço e telefones, no Brasil, de Pacheco, como titular da conta 228973-USD-2012-01.

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