São Paulo, segunda-feira, 9 de dezembro de 1996
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A vida como ela é numa agência

SILVIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Haja competição nessa área de propaganda. O drama começa na disputa por uma vaga na faculdade. No vestibular da Fuvest deste ano, por exemplo, há 83,4 candidatos concorrendo a uma vaga no curso de publicidade e propaganda (período matutino).
Depois, o recém-formado parte para o mercado junto com pelo menos outros 2.400 formandos, levando-se em conta que cerca de 100 alunos saem todo ano dos 24 cursos superiores de publicidade do Estado de São Paulo.
Isso tudo sem contar a batalha, ainda na faculdade, por um estágio numa agência (leia texto na pág. 5-7) ou departamento de publicidade de empresas.
"Acho que está havendo um exagero. O mercado não tem condições de absorver essa procura desenfreada", diz Nizan Guanaes, diretor de criação e sócio da agência DM9.
A procura, em geral, se deve a imagem glamourosa da profissão, mas que não corresponde totalmente à realidade do dia-a-dia do profissional.
"Engana-se quem pensa que publicitário é um cara que ganha uma fortuna para ficar tendo idéias criativas, rodeado de belas modelos", diz Ricardo Chester, 29, redator da agência Almap/BBDO.
Na definição da redatora da W/Brasil Tereza Pacheco, o publicitário é "um camelô mais qualificado, nada mais que isso".
Quem pretende encarar a carreira numa agência deve estar disposto a trabalhar pelo menos dez horas por dia e abrir mão de finais de semana e feriados, pois o volume de trabalho é grande e a concorrência também.
Catálogos e mala direta
É bom lembrar ainda que o trabalho não se resume à criação de comerciais maravilhosos para televisão ou cinema, premiados depois no exterior.
"A gente tem de fazer anúncios de ofertas de carros, redigir textos para venda por mala direta, catálogos. Por isso, mais do que talento, é preciso ter saco", diz Chester.
Uma outra idéia errada que as pessoas costumam ter sobre os publicitários é que eles são responsáveis pela produção de comerciais. Na verdade, eles escrevem o roteiro. A execução fica por conta das produtoras (vídeo ou cinema).
Aos vestibulandos da área de propaganda e publicidade, um conselho: "Para não correr o risco de haver decepção, é bom separar o que é vontade e o que é moda, antes de partir para a carreira", diz Nizan. "Se a pessoa procura visibilidade, é melhor ser ator."
Pós em publicidade
Agora, se você tiver certeza de que deseja atuar na área de propaganda, os profissionais acham que o ideal é optar por um curso que dê uma formação voltada para negócios, como administração ou economia, para depois fazer pós-graduação em publicidade.
Saiba que há outros campos de trabalho dentro de uma agência além do departamento de criação, como atendimento, planejamento e mídia. São áreas com menos glamour, mas carentes de profissionais especializados (leia texto abaixo).

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